Título: GOVERNISTAS BUSCAM ALIANÇA COM MODERADOS
Autor: Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 30/10/2005, O País, p. 17

Campo Majoritário apoiou candidatura do Movimento PT

SÃO PAULO. Na disputa com o grupo do ex-ministro José Dirceu, o novo secretário de Organização petista, Romênio Pereira, da corrente moderada Movimento PT, contou com o apoio do próprio presidente eleito, Ricardo Berzoini, mais próximo do governo Lula. Para alguns dirigentes, isso deixa o Movimento PT em dívida com a cúpula alinhada com o Palácio do Planalto.

¿ Sabemos que não haverá um alinhamento automático do Movimento PT conosco, mas eles nos devem essa. Duvido que eles nos deixem na mão em questões como a política econômica (principal alvo das críticas da esquerda)¿ diz um dirigente ligado ao antigo Campo Majoritário.

Movimento PT e PT de Luta e de Massas (PTLM), outra corrente moderada, devem continuar disputando espaço interno com o antigo Campo Majoritário, mas provavelmente vão garantir maioria absoluta no diretório e executiva nacionais em assuntos de interesse do governo.

Desfiliação de radicais tranqüilizou governistas

O que mais tranqüilizou o governo foi a debandada da Ação Popular Socialista (APS), corrente radical de esquerda que sustentou a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio a presidência do PT. Os militantes dessa tendência deixaram o partido rumo ao PSOL, logo após a derrota de Sampaio no primeiro turno do PED.

Junto com Sampaio, deixaram o PT alguns dos parlamentares que mais incômodo causaram ao governo desde a posse de Lula, como Chico Alencar (RJ) e Ivan Valente (SP).

¿ Não comemoro a saída deles, mas isso reduz muito o poder de fogo da oposição sistemática ao governo dentro do partido¿ disse Francisco Campos.

A nova distribuição de forças não eliminará a tensão e as disputas internas, seja por razões ideológicas, seja por questões eleitorais, avaliam dirigentes do PT. No entanto, trata-se de um passo importante em direção à unidade partidária para as eleições de 2006 que, na avaliação desses mesmos dirigentes, devem ser as mais difíceis nos 25 anos de história do partido.

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