Título: CRÉDITO PARA MAIS DE 11 MIL FAMÍLIAS POBRES
Autor: Maiá Menezes
Fonte: O Globo, 30/10/2005, Rio, p. 29

Criado por dom Helder Câmara em 1959, Banco da Providência faz 46 anos priorizando projetos de geração de renda

Nem só de governos e Organizações Não-Governamentais vivem os projetos sociais no Rio. O Banco da Providência é um exemplo disso: há 46 anos a instituição tenta encontrar alternativas para as famílias que vivem abaixo da linha da pobreza no município. Hoje, o banco, criado em 1959 por dom Helder Câmara, atende a 11,5 mil famílias nessa situação.

Os programas são financiados com recursos da Feira e do Arraial da Providência, além de doações de voluntários. A arrecadação média com a feira é de cerca de R$2,4 milhões; com o arraial, de R$500 mil; e com a doações fixas, de R$800 mil. Este ano, a feira acontece de 1º a 11 de dezembro, no Riocentro.

Atividades para geração de renda são prioritárias

As atividades do banco mudaram de foco em 2003, com a criação do programa de inclusão social de famílias. O alvo é a formação integral destas famílias, dando acesso a cursos de capacitação para geração de renda, de alfabetização e de integração ao mercado de trabalho. As vinte e duas agências voltadas para famílias são responsáveis por implementar o projeto em regiões do centro da cidade à Zona Oeste. Há ainda investimentos em outros seis projetos sociais, entre eles agências de emprego e de capacitação.

Desempregada, Cícera Batista da Silva, de 30 anos, conseguiu trabalho ¿ e uma nova fonte de renda ¿ depois de aderir ao projeto de inclusão social. Há um ano, ela procurou ajuda para conseguir cestas básicas na Igreja Nossa Senhora da Salete, no Catumbi. Alagoana, mãe de quatro filhos e moradora do morro da Coroa, no Catumbi, Cícera queria mais:

¿ Quando cheguei, senti vergonha. Só tinha idoso. O que eu queria mesmo era trabalho ¿ disse Cícera, que conseguiu do banco empréstimo de R$40 para comprar material e passou a confeccionar bonecas de pano:

¿ Eu sabia fazer, mas não tinha dinheiro para investir no negócio. Depois ainda fiz um curso de manicure e eles me emprestaram dinheiro para comprar um esterilizador. Neste mês, lucrei R$200 com o meu trabalho ¿ afirmou Cícera