Título: DEFICIÊNCIA NO SISTEMA PÚBLICO AJUDA EXPANSÃO
Autor: Martha Beck e Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 31/10/2005, Economia, p. 16

O atendimento precário na saúde pública e a maior valorização desse benefício pelo trabalhador são algumas das explicações para o avanço do número de usuários de planos de saúde no Brasil. E esse crescimento veio quase todo dos planos bancados pelas empresas, segundo Rubens dos Santos Silva, diretor do Conselho Federal de Medicina.

¿ Nos acordos coletivos, esse benefício ganha cada vez mais destaque. A renda não tem crescido para esse avanço vir dos planos individuais. Eles são muito caros ¿ diz.

De fato, os planos de saúde têm subido acima da inflação este ano. Até setembro, enquanto o IPCA avançou 3,95%, os planos aumentaram 8,78%.

Mas a razão mais forte é a crise na saúde pública, que provocou o surgimento de planos mais baratos, diz Margareth Portelam, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz:

¿ Muitos planos são como um acesso melhorado ao SUS e custam menos de R$50.

Ela lembra que tratamentos mais complexos e caros, como transplante e distribuição de remédios contra Aids, continuam com o setor público.

A Unimed Rio criou há cerca de um ano um plano cerca de 30% mais barato e que já responde por 40% das vendas. As cooperativas estão entre os segmentos que mais crescem, nas contas da ANS. Maurício Lopes, gerente da Unimed discorda:

¿ Hoje, a briga está em roubar mercado dos outros.

Para Lígia Bahia, do Laboratório de Economia Política da Saúde da UFRJ, os registros da ANS são imprecisos. Segundo ela, a agência vem recebendo cadastros de operadoras que já haviam sido contados. Além disso, não separa planos odontológicos e de saúde, o que superestima os números.

Lígia também denuncia o crescimento de clínicas populares que cobram R$10 por consulta e parcelam o pagamento de tomografias:

¿ São clínicas sem fiscalização que funcionam até em farmácias. (Cássia Almeida)