Título: Líder tucano radicaliza ao denunciar ameaças
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 01/11/2005, O País, p. 8

Virgílio chega a ameaçar dar `surra no próprio Lula¿, mostrando o quanto a disputa entre PSDB e PT está acirrada

BRASÍLIA. Os ânimos entre governo e oposição andam tão acirrados que o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), ameaçou dar uma surra no presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao denunciar no plenário ameaças que ele e sua família estariam recebendo. O senador solicitou proteção policial depois de ser informado pelo deputado Pauderney Avelino (PFL-AM) que um ex-policial, supostamente contratado pelo PT, estaria em Manaus e teria oferecido R$100 mil para o sindicalista Gilmar Reis Barbosa, da Força Sindical, em troca de qualquer informação que viesse a denegrir a imagem do parlamentar.

¿ Mexer comigo, com a minha família, é como passar a mão no bumbum da mulher do Mike Tyson num bar. A reação será a mesma. Vou descobrir quem é o vagabundo que contrataram lá em Manaus. Soube que recebeu R$100 mil. Vou dar uma surra nele pessoalmente ¿ ameaçou o senador.

A preocupação maior do líder tucano, no entanto, seria com ameaças que esse suposto espião teria feito a seus parentes.

¿ Se ameaçarem um filho meu, dou uma surra no próprio Lula. Sou de escorpião. Jamais desonraria o meu signo. Sou inesquecível como inimigo ¿ acrescentou o senador tucano.

O vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), em aparte, garantiu que comunicará o fato ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

¿ Acho bom que isso ocorra, embora o ministro não costume atender aos meus pedidos. Já pedi proteção para os irmãos de Celso Daniel e ele nada fez. Daqui a pouco vai aparecer uma testemunha do caso Santo André que cometeu suicídio com um tiro na nuca ou se enforcou com as próprias mãos ¿ ironizou Virgílio.

O senador Romeu Tuma (PFL-SP), como corregedor da Casa, prometeu encaminhar um pedido à Polícia Federal para que seja aberto um inquérito que investigue o caso. Virgílio não gostou da reação da senadora Serys Silhessarenko (PT-MT), que presidia a sessão, reclamando que ela não estava lhe dando a atenção devida.

¿ Ao presidir a Casa, vossa excelência deve esquecer a sua filiação partidária e me dar atenção ¿ protestou Virgílio.

¿ Eu estou lhe ouvindo e vou encaminhar seu pedido ¿ rebateu Serys.

¿ Mas sem muxoxo ¿ revidou Virgílio, imitando a reação da senadora.