Título: OCDE: CORTE DE TARIFA BENEFICIARIA BRASIL
Autor: Geralda Doca e Wagner Gomes
Fonte: O Globo, 01/11/2005, Economia, p. 25

Impacto no PIB seria de 0,3 ponto percentual

SÃO PAULO. O Brasil veria seu Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de riquezas do país) subir 0,3 ponto percentual se os subsídios e as tarifas agrícolas dos países ricos fossem reduzidos à metade, o que significaria um ingresso de US$1,7 bilhão na economia brasileira. Essa é uma das principais conclusões de um relatório divulgado ontem pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE, grupo de países ricos que inclui alguns emergentes). O documento mostra que o apoio do governo à produção agrícola representa apenas 3% da receita do setor, contra 34% na União Européia (UE), 17% nos EUA e 4% na Austrália.

Segundo a OCDE, o Brasil tem de fortalecer suas políticas de proteção ao meio ambiente e reduzir as desigualdades econômicas para desarmar seus oponentes na liberalização do comércio agrícola. O diretor de Agricultura da OCDE, Stefan Tangermann, disse em São Paulo que EUA e Europa usarão as questões ambientais do Brasil e sua desigualdade social como argumento a favor do protecionismo agrícola.

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, usará o texto da OCDE na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), mês que vem, em Hong Kong. Ele afirmou que o G-20 (grupo de emergentes) apresentou a melhor proposta de corte dos subsídios agrícolas e que o avanço nessa questão é essencial para o sucesso do encontro. O Brasil espera chegar a 2006 com um fluxo de comércio externo correspondente a 30% do PIB, contra 26,5% em 2004.