Título: VIRGÍLIO VOLTA A DIZER QUE VAI SURRAR LULA
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 02/11/2005, O PAÍS, p. 8

Tucano provoca novo bate-boca no Senado. `Se fosse um cidadão comum, seria crime de ameaça¿

BRASÍLIA. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), voltou ontem ao plenário para reafirmar que dará uma surra no presidente Luiz Inácio Lula da Silva se ficar provado que está sendo espionado pelo PT, e provocou novo bate-boca entre senadores da oposição e governistas. O tucano afirmou que não retiraria o que disse anteontem e que cumprirá sua palavra se descobrir que há uma ordem oficial por trás das ameaças que sua família estaria sofrendo. A temperatura subiu depois que o petista Eduardo Suplicy (SP) disse ter ficado chocado com as declarações. ¿ Se o senador Arthur Virgílio fosse um cidadão comum, sem imunidade parlamentar, teria de responder por crime de ameaça. Se vamos transformar o nosso oponente em inimigo de guerra, então teremos de nos utilizar da força física. Não sei se sua especialidade é o judô, boxe ou caratê ¿ disse Suplicy. ¿ O artigo número um da minha constituição pessoal é: ninguém me intimida. Eu daria uma surra no presidente mesmo, no Kirchner (Néstor Kirchner, presidente da Argentina) ou no Chávez (Hugo Chávez, presidente da Venezuela) ¿ devolveu Virgílio.

Virgílio diz ter recebido ligação do ministro da Justiça

A senadora Ideli Salvati (PT-SC) disse entender a reação agressiva de Virgílio, por se tratar de assunto envolvendo os filhos, mas afirmou que as declarações são desrespeitosas porque ele não tem provas do envolvimento do presidente. Anteontem, Virgílio pediu proteção policial depois de ser informado pelo deputado Pauderney Avelino (PFL-AM) que um ex-policial estaria espionando seus filhos. Segundo ele, o homem, supostamente contratado pelo PT, teria oferecido R$100 mil ao sindicalista Gilmar Reis Barbosa, da Força Sindical, por informações que denegrissem a imagem do tucano. Ontem, Virgilio disse ter recebido uma ligação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmando que a Polícia Federal vai apurar as denúncias.