Título: EXPORTAÇÃO DE CARNE RECUA 23% POR DOENÇA
Autor: Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 02/11/2005, Economia, p. 23

Veto da UE teve maior impacto, mas saldo comercial do país atingiu US$3,6 bi em outubro

BRASÍLIA. Os números fechados da balança comercial de outubro revelam que o reaparecimento da febre aftosa no Mato Grosso do Sul já causou prejuízos às exportações de carne bovina. As receitas caíram de US$210 milhões em setembro para US$154 milhões no mês passado ¿ uma queda de 23%. Em relação a outubro de 2004 o recuo foi de 14,4%, devido, principalmente, à diminuição nas vendas para os 25 países da União Européia (UE), que proibiu os embarques do produto de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, as receitas com exportações de carne para a UE ¿ o maior comprador ¿ caíram de US$66,2 milhões para US$38,8 milhões, um recuo de 41,3%. Mesmo assim, o comércio exterior registrou recordes para meses de outubro: o superávit atingiu US$3,686 bilhões, resultado de exportações de US$9,904 bilhões e importações de US$6,218 bilhões. No mês, a média diária das vendas externas alcançou US$495,2 milhões, a terceira melhor do ano. O destaque foi o grupo manufaturados, como aparelhos transmissores, laminados planos, tratores e veículos. O secretário de Comércio Exterior, Armando Meziat, ressaltou, porém, que, a partir da segunda quinzena de outubro, houve um arrefecimento nas exportações: a média diária saiu de US$565,2 milhões no início do mês para US$404,6 milhões. ¿ Houve uma perda da velocidade das exportações a partir da segunda quinzena. Vamos observar se essa é uma tendência ¿ disse. Para Meziat, embora a ocorrência da aftosa tenha afetado o comércio exterior em outubro, os impactos este ano serão pequenos, pois o país já exportou US$2,1 bilhões de carne in natura de uma meta de US$2,6 bilhões para 2005. O pior cenário, disse, será fechar o ano em US$2,3 bilhões. ¿ O impacto no ano será pequeno, porque o Brasil já tinha exportado muito ¿ disse Meziat. Ele acrescentou que a meta geral de exportações de carnes de US$8 bilhões para 2005 não será afetada, mas admitiu que o impacto em 2006 vai depender da duração dos embargos. Meziat ressaltou, porém, que as exportações atingiram, entre janeiro e outubro, US$96,623 bilhões, acima dos US$96,475 bilhões registrados em todo o ano de 2004. As importações também estão crescendo e, com o recorde de outubro, atingiram US$60,273 bilhões. Pela primeira vez em 2005, as compras de bens de consumo ultrapassaram as de bens de capital, devido às festas de fim de ano.