Título: GOVERNO ESTENDE O CERCO A 41 MUNICÍPIOS
Autor: Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 02/11/2005, Economia, p. 23

Norma proíbe venda de animais e carne de áreas de MS e PR. Confirmados mais 10 focos

BRASÍLIA e CURITIBA. O governo publicou ontem no Diário Oficial da União uma instrução normativa que considera como área de risco de febre aftosa 41 municípios. São eles os cinco interditados de Mato Grosso do Sul e 36 do Paraná (Loanda, Grandes Rios, Amaporá e Maringá, cujo gado está sob testes por suspeita de aftosa, e outras 32 cidades paranaenses que ficam na divisa com esses municípios). Com a medida, fica proibida a saída de animais vivos, carne com osso, leite cru e materiais de multiplicação (sêmen e embriões) para o mercado nacional e internacional. Só será permitida a comercialização de produtos que tenham passado por processos industriais e químicos que matam o vírus da aftosa, como carne maturada e leite pasteurizado. Mesmo assim, será necessária a autorização do serviço veterinário oficial.

Vai a 49 o número de países que embargaram a carne brasileira A doença se alastrou na região isolada de Mato Grosso do Sul e o governo federal confirmou a ocorrência de mais dez focos na região, elevando o total para 21. Os dez focos confirmados ontem estão em áreas de assentamento de Japorã (MS). Com isso, o número de animais sacrificados poderá chegar a 20 mil. Na área internacional, mais dois países ¿ Malásia e Cabo Verde ¿ suspenderam as compras de carne do Brasil. Com isso, já chega a 49 o número de embargos. Cabo Verde proibiu os embarques de carne bovina e suína de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, e a Malásia, dos cinco municípios isolados em Mato Grosso do Sul (Eldorado, Japorã, Iguatemi, Novo Mundo e Itaquiraí). Ontem o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, pediu ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que interceda junto aos frigoríficos para evitar demissões. E o Banco do Brasil voltou atrás e manteve o financiamento a pecuaristas do estado. Já a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara vai propor a criação de uma comissão de fiscalização e controle com membros do Parlamento do Brasil e do Paraguai para ajustar os acordos sanitários. No Paraná, que anunciou a vacinação de dez mil animais, os exames já realizados em animais com suspeita de febre aftosa no estado ainda não têm laudo conclusivo. Segundo o secretário de Agricultura, Orlando Pessutti, o laboratório alega que os materiais enviados foram insuficientes, e o governo estadual decidiu sacrificar um dos animais sob suspeita de infecção. O diretor-geral da Secretaria da Agricultura do Paraná, Newton Ribas, ficou irritado com a divulgação do resultado inconclusivo e se esquivou: ¿ O ministro Rodrigues (Roberto Rodrigues) deve saber. (Geralda Doca e Ana Paula de Carvalho)