Título: MAIS PEIXE À MESA
Autor: Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 02/11/2005, Economia, p. 23
Após surto de aftosa, consumo de pescado cresce até 20% e redes reforçam estoques
fatores estão deixando os consumidores preocupados e, por isso, fizeram com que a procura por peixe tenha registrado forte alta em outubro. Em alguns supermercados, nos últimos 15 dias o consumo de peixe cresceu 20% em relação ao mesmo período do ano passado. Diante das vendas em alta, já se pode encontrar pescado até 40% mais caro, embora algumas redes estejam fazendo promoções. Especialistas, no entanto, lembram que a aftosa não coloca em risco a saúde de seres humanos e a gripe aviária não atingiu o país. ¿ Mesmo que peixe seja mais caro que carne, a passagem para o peixe é automática. Projetamos que esse aumento de consumo seja de 20%. As pessoas ouvem essas notícias e ficam inseguras ¿ afirmou Atílio Guglielmo, diretor da Associação Mercado São Pedro, em Niterói. No Walt-Mart, as vendas de peixe cresceram nas últimas duas semanas de 15% a 20%, em relação ao mesmo período de 2004. E no Zona Sul, o terceiro trimestre apresentou aumento de 10% no setor, também se comparado com o mesmo período do ano passado. ¿ Por causa da aftosa, tivemos queda de 15% nas vendas de carne: as pessoas estão tensas. Na dúvida, buscam o que consideram mais saudável ¿ disse Pietrângelo Leta, coordenador de Compras do Zona Sul.
Consumidores já pagam mais caro
Mas o custo do peixe para o supermercado subiu até 25%, lembrou Leta. No Zona Sul, o quilo do linguado passou, numa semana, de R$17,90 para R$25 (39,6%), e o de salmão, de R$28 para R$33 (17,8%). A peixaria nº 114, do Mercado São Pedro, comemora o aumento de 10% nas vendas nas últimas duas semanas. Mas seu administrador, Hamilton Custódio, garante que ainda não houve repasse de preços. ¿ A falta de informação assusta as pessoas. De qualquer maneira, o quilo da corvina continua de R$4,50 a R$5; e o da anchova, R$10. A subida dos preços depende do pescador. De olho nesse mercado, o Prezunic já dobrou os pedidos de peixe para suas lojas. Sem alterar os preços dos produtos, garante Genival de Souza, diretor da empresa. Há ao menos duas semanas, o quilo do filé de merluza está na faixa de R$7,90; e o do filé de cação, a R$7,85. ¿ A aftosa, em especial, vem afastando o consumidor das carnes. Até essa fase terminar, teremos que dar atenção ao peixe.
Médico: aftosa só é doença econômica
Peixes mais caros, no entanto, também afastam o consumidor, lembra Paulino Costinha, diretor comercial do Mundial. Então, a hora é de fazer promoções. Como a que foi feita ontem: no supermercado, o filé de corvina estava sendo vendido a R$2,99, 30% a menos que a média do mercado. No Prezunic, a oferta-relâmpago realizada ontem atraiu a consumidora Núbia Campos. Diante do filé de pescada a R$1,99 ¿ o preço era R$3,89 ¿ ela levou três pacotes para casa: ¿ Alguns animais não estão contaminados, mas é preciso cuidado para não comprar carne que dê problemas. Prefiro levar para a família peixe, mas quando tem promoção. Expedito de Barros, médico veterinário da Defesa Sanitária da Secretaria estadual de Agricultura, tranqüiliza consumidores como Núbia. Ele ele diz que aftosa é doença econômica: ¿a dor é no bolso do produtor e não passa para o homem¿. ¿ Já a gripe aviária traz problemas para os seres humanos, porque seu vírus faz mutação no organismo dos homens. Mas não fomos atingido por esse mal.