Título: AFTOSA: EXPORTAÇÕES DO PAÍS PODEM RECUAR US$100 MILHÕES ESTE MÊS
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 03/11/2005, Economia, p. 20

Vendas externas de carne devem ficar 8,3% abaixo do previsto este ano

BRASÍLIA. Os exportadores brasileiros de carne bovina esperam para este mês o pior desempenho do setor desde o reaparecimento da febre aftosa no país, há cerca de 30 dias. Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Camardelli, as vendas externas do produto in natura deverão recuar em aproximadamente US$100 milhões em novembro, na comparação com outubro. No mês passado, segundo dados do Ministério de Desenvolvimento, os embarques de carne bovina (in natura, industrializada e miúdos) somaram US$154 milhões, 23% menores do que em setembro.

Para o ano, Camardelli calcula que as vendas externas totais de carne bovina ficarão entre US$2,75 bilhões e US$2,8 bilhões ¿ abaixo, portanto, dos US$3 bilhões esperados antes do problema da aftosa. A queda pode chegar a 8,3%.

¿ O olho do furacão passa por novembro, desde que não ocorram mais focos de aftosa. A partir daí, espero que o cenário comece a ser revertido ¿ disse Camardelli.

Brasil enviará missões a países que vetaram carne

Camardelli ontem participou de reunião com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e outros representantes do setor privado. Segundo o ministro, o encontro teve como objetivo buscar mecanismos que tornem mais ágeis as ações de combate à febre aftosa e tentar antecipar o fim dos embargos à carne brasileira. Ele, porém, evitou falar em prazos.

¿ Na questão de prazo, não tem ¿achômetro¿. Precisamos, antes de tudo, garantir credibilidade e transparência total ¿ afirmou Rodrigues, por meio de sua assessoria de imprensa.

Hoje 41 municípios brasileiros ¿ cinco no Mato Grosso do Sul (MS) e 36 no Paraná ¿ são considerados pelo governo áreas de risco de febre aftosa. A saída de animais vivos está proibida nessas regiões. Quarenta e nove países já suspenderam as importações de carne do Brasil.

Uma das saídas para o setor discutida ontem, explicou o diretor-executivo da Abiec, será intensificar as ações nos países que impuseram embargos ao Brasil, com visitas de missões conjuntas do setor privado e do governo. Segundo ele, o Chile será um dos primeiros a receber os grupos.

Exames no Paraná estarão prontos em oito dias

O executivo reconheceu que novos focos de aftosa têm surgido no MS, mas argumentou que não é um problema muito sério: eles estão surgindo em áreas já conhecidas, nos cinco municípios isolados.

¿ A situação (no MS) se encontra, do ponto de vista técnico, perto do encerramento ¿ afirmou Camardelli.

A grande preocupação neste momento é com o Paraná, o que tem dificultado as negociações com os mercados consumidores de carne. Segundo Camardelli, os exames de rebanhos de algumas cidades do estado, como Loanda e Maringá ¿ que ainda podem confirmar a existência da doença ¿ ficarão prontos em oito dias.

¿ Todas as propriedades foram isoladas. Só nove apresentaram os sintomas ¿ disse.

www.oglobo.com.br/economia