Título: PT de Lula convoca protestos contra Bush
Autor: Soraya Agege de Carvalho/Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 04/11/2005, O País, p. 11

Já subsecretário do Itamaraty diz que visita mostra que não há sentimento antiamericano no comando da diplomacia

SÃO PAULO. Embora a área diplomática do governo Lula considere a visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao Brasil no fim de semana uma boa oportunidade para a opinião pública brasileira rever seu sentimento antiamericanista, a direção nacional do PT está convocando seus filiados a participar dos protestos contra Bush amanhã e domingo em diversas capitais.

Há duas semanas, o diretório do partido aprovou uma resolução contra a presença de Bush no país. Os elogios que ele fez anteontem ao governo não constrangeram a direção do PT, segundo seu secretário nacional de Relações Internacionais, Valter Pomar. Mas o partido de Lula não vai escalar líderes para participar da onda de protestos.

- Os filiados estão convocados a participar. Os elogios de Bush ao governo não nos inibem porque existe uma clareza, na nossa política externa, de ajudar a construir um mundo sem o desenho que os americanos querem. Não iríamos nos constranger com as besteiras que Bush fala - disse Pomar.

"É o esquema de segurança mais rigoroso já montado"

Em Brasília, o embaixador Antonio Patriota, subsecretário de Assuntos Políticos do Itamaraty, disse que a vinda de Bush mostra que é falsa a percepção de que há um sentimento antiamericano no comando da diplomacia brasileira:

- Se há uma parte da opinião pública que tem essa opinião, é uma boa oportunidade para revê-la. É uma opinião que acho que as pessoas mais bem informadas não compartilham.

Para o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, manifestações são próprias da democracia. Ele disse que Lula não está preocupado com os atos:

- A única preocupação do governo é com a segurança dos visitantes. Não acredito que as manifestações aqui e na Argentina devam ser encaradas como ações contra a segurança do presidente Bush. Vivemos numa sociedade democrática.

Mais de dois mil homens das polícias Federal e Militar, das Forças Armadas, do Departamento de Trânsito e dos serviços de inteligência americanos vão participar do esquema de segurança do presidente Bush. Segundo o delegado Wilson Damázio, da PF, o aparato corresponde ao grau de risco a que ele está submetido:

- Este é o esquema mais rigoroso já montado no país para um chefe de Estado em razão das hostilidades que se vê contra o presidente Bush.

A organização dos protestos está por conta de organizações simpáticas ao PT, como a CUT, o MST, a UNE e a Central dos Movimentos Populares. Segundo Antonio Carlos Spis, da CUT, no domingo pelo menos três mil pessoas são esperadas em ato anti-Bush em Brasília.

O NOTICIÁRIO DA VISITA DE BUSH À ARGENTINA nas páginas 26 e 27