Título: MORADORES SOFREM COM 'ZONA DE EXCLUSÃO'
Autor: Cristiane Jungblut/Martha Beck/Janaína Figueiredo
Fonte: O Globo, 04/11/2005, O Mundo, p. 26

Barricadas restringem acesso a área de 220 quarteirões

MAR DEL PLATA, Argentina. Os moradores de Mar del Plata já torcem para que a IV Cúpula das Américas, que começa hoje, termine logo. O forte esquema de segurança montado para receber 33 chefes de Estado e de governo mudou a rotina no balneário, especialmente para quem mora na chamada zona de exclusão, que concentra os hotéis onde acontecem as reuniões.

Foram montadas barricadas numa área de 220 quarteirões. Quem mora ali foi cadastrado e recebeu um passe da polícia que garante acesso à zona protegida. Moradores podem caminhar pelo calçadão em frente ao mar, mas estão lado a lado com policiais armados, diplomatas e outros profissionais que trabalham na organização da cúpula.

- Não vejo a hora de isso tudo acabar - afirmou Maria Isabel Gomez, que mora ao lado do Hotel Hermitage, onde ficarão hospedados chefes de Estado.

Na zona de exclusão, boa parte das lojas está fechada, mas não por ordem da polícia. Segundo o morador José Ricardo Moyano, os comerciantes decidiram fechar as portas porque durante a cúpula o acesso à área estará restrito, diminuindo o movimento.

- Para evitar o transtorno de passar por barricadas, muitos moradores saíram da zona de exclusão. E como quem mora fora não pode entrar, as vendas caíram muito - disse Moyano.

O governo argentino mobilizou mais de 7.500 agentes de segurança. Barcos e helicópteros monitoram a região. A maior preocupação dos organizadores é a cúpula paralela. Segundo eles, grupos de desempregados - os chamados piqueteiros - poderiam tentar derrubar as grades que protegem a zona de exclusão para chegar até o hotel onde estarão os presidentes. A ordem do presidente Néstor Kirchner é bloquear o avanço dos manifestantes mas evitar a repressão.

Forças de segurança informaram ontem que durante uma operação de segurança prenderam um homem de 63 anos com 13 armas em casa, além de munição. Fuzis, pistolas, revólveres e escopetas estavam sem documentação e ele não tinha autorização para usá-las, disseram. Mas acrescentaram que não havia indícios de que as armas foram ou seriam usadas para crimes. (Janaína Figueiredo e Martha Beck)