Título: Guerra vai crescer nas CPIs
Autor: Martha Beck e Janaina Figueiredo
Fonte: O Globo, 06/11/2005, O País, p. 13

BRASÍLIA. A surra que o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) ameaçou dar no presidente Lula está mais perto de se transformar em briga generalizada. Com a descoberta de que R$10 milhões que alimentaram o valerioduto teriam saído do Banco do Brasil, a crise voltou a ganhar fôlego. É unanimidade no Congresso que governo e oposição vão radicalizar no confronto nas CPIs. Outra unanimidade preocupa: o embate, com o conseqüente desgaste das duas principais forças políticas do país, abre espaço para candidaturas alternativas em 2006.

O PMDB não perde um lance da briga, polarizada entre PT e PSDB. Especialmente os pré-candidatos do partido, como o ex-governador do Rio Anthony Garotinho e o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, que poderiam capitalizar a insatisfação dos eleitores. Ney Suassuna (PMDB-PB), alerta que uma briga como essa costuma não ter vencedores, nem vencidos:

¿ Em toda luta exacerbada perdem os dois lados. Não vejo vantagens. Percebo alguns partidos torcendo pelo acirramento, para ver o que sobra.

Outro que não vê vantagem é o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS):

¿ Já temos confusão suficiente. Quando os atores principais do cenário político se enfrentam dessa forma, abre-se espaço para aventureiros com discursos messiânicos.