Título: `No Congresso, o acirramento dos ânimos é geral¿
Autor: Martha Beck e Janaina Figueiredo
Fonte: O Globo, 06/11/2005, O País, p. 13

Para o relator adjunto da CPI dos Correios, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), o acirramento dos ânimos entre petistas e tucanos é resultado do comportamento do próprio governo, que não consegue estabelecer uma agenda para o país. Na sua avaliação, isso acaba gerando esse clima de crise permanente.

Onde vão parar PT e PSDB com essa beligerância toda?

EDUARDO PAES: Na verdade, não há um acirramento apenas por parte de PT e PSDB. No Congresso o acirramento dos ânimos é geral, inclui o PFL e os partidos da base. Isso é um pouco o retrato deste governo e de um partido que não aprendeu a ser governo. Eles não têm capacidade de estabelecer uma agenda positiva, e quando falta isso a crise é permanente.

Já não é a aproximação do ano eleitoral?

PAES: Não. Tudo o que aconteceu até agora pode ser chamado de tudo, menos de golpe de direita. Toda essa crise tem origem nos aliados do governo. O mensalão foi denunciado por alguém a quem o presidente dizia que daria um cheque em branco (Roberto Jefferson). Nós da oposição somos incapazes de descobrir qualquer coisa. Somos uma tragédia absoluta.

Essa disputa não pode comprometer o resultado das investigações da CPI dos Correios ou de outras em andamento?

PAES: Não há hipótese. Na CPI dos Correios já decidimos as datas para apresentação dos novos relatórios parciais. Já identificamos a primeira fonte dos recursos do valerioduto, o Banco do Brasil. A coisa está caminhando muito bem e os resultados sairão.

A briga entre PT e PSDB favorece o surgimento de uma candidatura alternativa?

PAES: O surgimento de uma alternativa pode ser positivo, mas é muito difícil.

Não crescem as chances, por exemplo, de o ex-governador Anthony Garotinho viabilizar sua candidatura pelo PMDB?

PAES: Não tenho dúvida. O ideal é que tivéssemos uma agenda pró-país, mas isso não está sendo possível por causa do próprio governo.