Título: Lula apela a Bush por imigrantes brasileiros
Autor: Cristiane Jungblut e Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 07/11/2005, O País, p. 5

Americano só demonstra descontentamento ao ouvir referência à atual abertura brasileira ao mundo árabe

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que os brasileiros recebam melhor tratamento do serviço de imigração dos EUA. Ao discursar ao lado de Bush na Granja do Torto, Lula disse que é preciso haver um diálogo permanente entre autoridades dos dois países para garantir um tratamento ¿justo e equilibrado¿ aos imigrantes brasileiros.

Satisfeito com o resultado do encontro com Bush, Lula afirmou que as relações entre Brasil e EUA estão em ¿seus melhores momentos¿, mas ressaltou que as divergências foram discutidas com franqueza e sem confrontação.

¿ A presença da numerosa comunidade brasileira nos Estados Unidos enriquece a tradição de convivência e admiração mútua entre nossas sociedades. Um bom diálogo entre nossas autoridades de imigração é fundamental para garantir tratamento justo e equilibrado àqueles que são a verdadeira ponte entre nossos países ¿ disse Lula.

Segundo o brasileiro, o que fica para a História não são apenas nossas decisões de alcance imediato.

¿ O que importa são aquelas iniciativas que levam em conta as futuras gerações e a necessidade de enfrentarmos e resolver os grandes desafios do nosso tempo.

Lula também lembra as divergências com os EUA

Lula disse que a parceria entre Brasil e EUA está fundada em bases econômicas e que, desde 2003, o diálogo político entre eles vem se aprofundando:

¿ Quando de minha eleição para a Presidência, não faltaram alguns para prever a deterioração das relações entre o Brasil e os EUA. Equivocaram-se redondamente. Ao contrário, nossas relações atravessam hoje um de seus melhores momentos.

Lula lembrou que há divergências sobre temas regionais e mundiais, mas não citou um.

¿ As compreensíveis diferenças de pontos de vista sobre questões de agenda regional ou mundial foram tratadas com franqueza, sem sobressaltos ou confrontação.

Apesar dos elogios aos EUA, Lula lembrou que seu governo adotou uma política externa agressiva, reforçando as relações com os outros países da América Latina e se ¿abrindo para o mundo árabe¿. Nesse momento, o presidente Bush, antes sorridente, ficou com a expressão um pouco mais fechada.

¿ Não hesitamos em abrir novas fronteiras. E essa busca de novos horizontes não comprometeu nosso relacionamento com grandes países desenvolvidos, como os da União Européia, o Japão e, obviamente, os EUA ¿ disse Lula, que lembrou que os EUA são o primeiro parceiro individual do Brasil, o maior mercado para as exportações brasileiras e a principal fonte de investimentos diretos:

¿ Nossa parceria está fundada em bases econômicas muito sólidas. Nosso intercâmbio tem crescido à taxa de 7% ao ano. Somente em 2004, recebemos US$4 bilhões de investimentos americanos.

Lula disse ainda que brasileiros e americanos têm a mesma visão sobre temas como ¿democracia, difusão da liberdade e o respeito aos direitos humanos¿. A declaração ocorre mesmo depois de o Brasil ter sido contrário à Guerra do Iraque.

¿ Temos diálogos cruciais para duas nações comprometidas com os desafios da paz e da globalização ¿ disse Lula.