Título: Programa citado por Lula na TV não decolou
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 09/11/2005, O País, p. 8

Primeiro Emprego beneficiou 6.280 jovens de uma meta de inserir no mercado 250 mil, diz Ministério do Trabalho

BRASÍLIA. Um dos programas citados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como iniciativas bem -sucedidas, na entrevista ao programa ¿Roda Viva¿, não decolou. Anunciado com pompa em meados de 2003, ao som da banda mirim do Olodum, o programa Primeiro Emprego está longe de alcançar a meta.

De uma meta inicial de inserir no mercado de trabalho 250 mil jovens entre 16 anos e 24 anos, em um ano, o programa do Primeiro Emprego deu, até agora, trabalho para 6.280 jovens, segundo o Ministério do Trabalho. O incentivo oferecido pelo governo de R$1.500 para quem der uma oportunidade a quem nunca trabalhou não atraiu os empresários. Burocracia, medo da fiscalização do trabalho por parte das empresas e falta de qualificação são os principais motivos, segundo o ministério.

Governo muda enfoque do programa

Diante do fracasso da iniciativa, o governo decidiu, então, mudar o enfoque do programa e passou a apostar nos consórcios da juventude ¿ formado por redes de ONGs e que oferecem cursos de qualificação a jovens de baixa renda. Segundo o diretor do Departamento de Políticas de Trabalho e Emprego para a Juventude, Ricardo Cifuentes, os consórcios já treinaram 43.260 jovens e conseguiram inserir no mercado de trabalho quase 20 mil.

O número, no entanto, está distante da meta de 150 mil estipulada para 2005 e 2006. Mas, para Cifuentes, as mudanças trouxeram eficiência e dinamismo ao programa.

¿ A concepção do programa estava errada. Primeiro, é preciso qualificar os jovens para que eles possam cumprir requisitos exigidos pelo mercado de trabalho ¿ disse ele.

No Ceará, o programa primeiro emprego é bem visto pelos empresários. Entidades como o Sindicato da Panificação (Sindpan) fizeram uma parceria com o Consórcio da Juventude, uma das vertentes do programa que dá treinamento e tenta inserir os adolescentes no mercado de trabalho. No princípio deste ano, um curso de jovens confeiteiros capacitou 30 pessoas com idade média de 19 anos. No fim a maior parte foi empregada em algumas das 180 padarias filiadas.

Também citado por Lula no programa, o programa PC Conectado começa a sair do papel. Há mais de um ano, o governo tem alardeado a proposta de promover a inclusão digital, oferecendo à população de baixa renda linhas de financiamento para compra de computador de até R$1.400. O Banco do Brasil e a CEF começaram esta semana a oferecer linhas de crédito, mas o equipamento ainda não está disponível nas lojas de varejo.

Como o computador tem uma configuração específica e precisa ter o selo do programa ¿Computador para Todos¿, o governo só conseguiu credenciar, até o momento, três fabricantes (Login Informática, Positivo Informática e Epcom Eletrônica). Essas empresas ainda não conseguiram formatar o produto dentro das exigências.

Embora, não exista limite de renda, no caso da CEF, o cliente precisa comprovar que tem condições de honrar a dívida e, para isso, apresentar numa das agências comprovantes de renda e de residência, além de documentos pessoais.

O Banco do Brasil começou anteontem a cadastrar lojistas interessados em vender o produto. Para comprar o bem, o consumidor terá de procurar os estabelecimentos e apresentar cartão do banco ou de crédito com a bandeira Visa. A concessão do empréstimo será feita automaticamente, via CDC (Crédito Direto ao Consumidor). No caso do BB, 15 milhões de clientes já estão com crédito pré-aprovado para essa finalidade.

O computador popular faz parte da chamada MP do Bem e tem como objetivo aumentar o número de brasileiros com acesso a micros e também à internet. Lojistas e fabricantes certificados terão isenção do PIS e da Cofins. O programa conta com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

COLABOROU Isabela Martin