Título: CONVOCAÇÃO DE PALOCCI JÁ É DADA COMO INEVITÁVEL
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 09/11/2005, O País, p. 10
Até os governistas admitem que proteção a ministro foi reduzida
BRASÍLIA. A convocação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, pela CPI dos Bingos já é dada como inevitável pela oposição e até pelo governo. As preocupações iniciais de que a presença do principal ministro do governo na mesa da CPI poderia afetar a economia perderam intensidade entre a maioria dos oposicionistas.
A avaliação geral é a de que cresce o volume de denúncias envolvendo pessoas próximas ao ministro, deixando-o vulnerável e sem a possibilidade de manter a proteção de que desfrutava no Congresso, inclusive com apoio do PSDB e do PFL.
Entre os oposicionistas há quem sugira alguns passos antes da convocação de Palocci. Não por proteção ao ministro, mas para não lhe oferecer um palanque, no caso de depor sem que os parlamentares tenham munição. Por isso, a oposição pensa em primeiro convocar todos os personagens da denúncia do envio de dinheiro de Cuba para a campanha do PT.
Há ainda outra idéia para poupar Palocci: comparecer voluntariamente a uma das comissões permanentes da Casa, sob pretexto de falar da economia.
¿ Se ele não se apresentar, certamente será chamado ¿ diz o líder do PFL, senador Agripino Maia (RN). ¿ Mas Palocci pode sair ou ser mantido que a economia não mais será afetada.
Já o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirma que se as denúncias atingirem o ministro, não há como poupá-lo.
¿ Não há intenção de degolar o ministro ¿ diz Tasso.
As negociações em torno da convocação de Palocci passam por outra CPI, a dos Correios. A oposição quer prorrogá-la e considera esse um bom ponto de partida para o entendimento.
¿ A taxa de bom humor caiu. Precisamos conversar, porque o clima de desconfiança não pode durar ¿ diz o líder tucano, senador Arthur Virgílio (AM).
Tucanos pedem auditoria em Ribeirão Preto
Os vereadores do PSDB de Ribeirão Preto propuseram ontem na Câmara Municipal uma auditoria para investigar suposto superfaturamento em cinco das sete obras construídas pela Fábrica de Equipamentos Sociais (Fabes) e Vale dos Rios na segunda gestão na prefeitura de Palocci, entre 2001 e 2002. Segundo a vereadora Silvana Resende, documentos em poder do Ministério Público apresentam indícios de uma contabilidade paralela na prefeitura que pode ter reforçado o caixa dois do PT em 2002.
Como o PSDB tem maioria na Câmara, a auditoria deverá ser iniciada ainda esta semana. Os dois projetos teriam movimentado cerca de R$10 milhões e apenas pouco mais de R$3 milhões teriam sido realmente gastos, segundo os promotores.
COLABOROU: Carlos Severino, especial para O GLOBO