Título: Esquema de corrupção matou prefeito, diz viúva
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 09/11/2005, O País, p. 11

À CPI dos Bingos, Roseana, que era casada com Toninho do PT, afirmou não aceitar versão de crime comum

BRASÍLIA. Roseana Morais Garcia, viúva do prefeito de Campinas Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, morto em setembro de 2001, disse ontem ter convicção de que o marido foi assassinado por tentar combater esquemas de corrupção no município. Em depoimento à CPI dos Bingos no Senado, ela afirmou que não aceita a versão da Polícia Civil de São Paulo e que não vai descansar enquanto o caso não for reaberto.

As investigações concluíram que Toninho foi morto ao sair de um shopping porque atrapalhou a fuga de criminosos que tinham acabado de tentar, sem sucesso, seqüestrar um homem.

Os apelos da viúva sensibilizaram o governo. O líder no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), anunciou que a Polícia Federal vai investigar um outro crime que pode ajudar a esclarecer a morte de Toninho: a execução de quatro jovens em Caraguatatuba (litoral norte de São Paulo), que teriam participado do assassinato do prefeito. Eles supostamente teriam sido mortos como queima de arquivo.

Roseana se disse assustada com a morte mês passado do perito Carlos Delmonte, que atuou no caso Celso Daniel. Segundo ela, três dias antes de morrer, Delmonte concluiu laudo mostrando que os jovens de Caraguatatuba foram executados por policiais de Campinas.

Roseana contou à CPI que Toninho contrariou interesses de empresários e políticos ao denunciar em 11 oportunidades o superfaturamento de contratos ou licitações de cartas marcadas em contratos da prefeitura com empresas de lixo, bingos e empreiteiras. Ela contou que, ao assumir a prefeitura, Toninho vetou a concessão de um alvará de funcionamento para um bingo, que conseguiu a autorização após a sua morte:

¿ Ele criava obstáculos para determinados interesses que depois de sua morte acabaram contemplados.