Título: BURATTI: PALOCCI SABIA SOBRE BINGOS
Autor: Alan Gripp/Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 11/11/2005, O País, p. 10
Ex-secretário afirma que casas de jogo deram dinheiro à campanha de Lula
BRASÍLIA. O advogado Rogério Buratti pôs lenha na fogueira da crise ao afirmar ontem na CPI dos Bingos que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sabia de suposta doação não declarada feita por donos de bingos de São Paulo à campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. Até aqui, Buratti poupara Palocci até aqui. No quarto depoimento à CPI, o advogado disse que não pode afirmar se Lula e o ex-ministro José Dirceu sabiam do suposto esquema.
- Palocci sabia - disse Buratti, secretário de Governo na primeira gestão de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto, em 1993 e 1994.
Testemunha acusa empresário
Uma testemunha, cujo nome é mantido em sigilo, ouvida pelo Ministério Público de São Paulo, acusou o empresário Roberto Carlos Kurzweil de ser o responsável pela arrecadação de recursos em nome de Palocci e disse que dois empresários angolanos, donos de bingos em São Paulo, doaram R$1 milhão.
Kurzweil é personagem da denúncia de que o governo de Cuba teria enviado dólares para a campanha de Lula. Ele confirmou ter cedido o carro que levou caixas onde, segundo a revista "Veja", haveria de US$1,4 milhão a US$3 milhões.
Segundo Buratti, em São Paulo foi arrecadado R$1 milhão por Ralf Barquete dos Santos, ex-secretário de Palocci na prefeitura e ex-diretor da Caixa Econômica Federal. Barquete morreu no ano passado. No Rio, segundo Buratti, foi arrecadado mais R$1 milhão por Waldomiro Diniz, ex-assessor de Dirceu.
Sobre Cuba, Buratti reafirmou que ouviu o relato de Barquete e negou ter participado da operação. Disse que Barquete o procurou em junho de 2002 para consultá-lo sobre formas de trazer o dinheiro a pedido de Palocci. Em setembro, Ralf o teria procurado para informar que a operação tivera sucesso:
- Não sou testemunha ocular, só recebi uma consulta. Meu relato à revista foi para impedir que digam o que nunca fiz.
Barquete contou que ouviu a história de Vladimir Poleto, acusado de ter transportado o dinheiro. Mas Poleto não lhe contou detalhes. No quarto depoimento à CPI, Buratti estava a vontade. Sorridente, saiu dizendo que estava à disposição. Foi saudado por um senador:
- Até breve!
Legenda da foto: ROGÉRIO BURATTI: o advogado não poupou Palocci, seu ex-chefe