Título: PETROBRAS LUCRA R$15,5 BILHÕES
Autor: Ramona Ordoñez/Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 12/11/2005, Economia, p. 29

Aumento nos preços dos combustíveis fez receita beirar os R$100 bilhões

A cada trimestre a Petrobras vem batendo recordes em seus resultados financeiros. De julho a setembro deste ano, a companhia teve um lucro líquido de R$5,6 bilhões, 1% superior aos R$5,5 bilhões de igual período do ano passado. No acumulado dos nove primeiros meses o lucro líquido da Petrobras chegou a R$15,5 bilhões, um aumento de 23% sobre igual período de 2004, e a receita se aproximou dos R$100 bilhões. O diretor Financeiro da estatal, Almir Barbassa, explicou que os preços do petróleo no exterior, que puxaram os preços internos dos derivados, e principalmente o aumento da produção interna de petróleo foram os principais responsáveis pelos resultados da companhia, tanto no terceiro trimestre como no ano.

De julho a setembro, a produção foi de 1,72 milhão de barris diários de petróleo, 13% superior à do mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano a produção nacional registrou um aumento de 12%, com uma média diária de 1,66 milhão de barris.

- Neste ano agregamos mais 180 mil barris diários de petróleo. E vamos atingir a meta de uma média diária de 1,7 milhão de barris por dia - disse Barbassa.

De acordo com um levantamento da consultoria Economática, o lucro da Petrobras nos nove primeiros meses deste ano foi o segundo maior ganho já registrado por uma empresa de capital aberto em períodos de janeiro a setembro. O recorde pertence à própria Petrobras: R$16,717 bilhões em 2003, em valores já ajustados pelo IPCA até 30 de setembro de 2005. A Vale do Rio Doce teve este ano o maior lucro histórico entre empresas não industriais e não estatais em nove meses; e o Bradesco, o maior ganho do setor financeiro, inclusive se comparado a resultados de anos fechados.

País terá superávit no petróleo

O diretor da Petrobras informou que neste ano, pela primeira vez na história da companhia e do país, será registrado um superávit na balança comercial de petróleo e derivados. De janeiro a setembro, o total de petróleo e derivados importado, deduzidas as exportações, foi de 67 mil barris diários. Isso representou uma redução de 71% em comparação aos 233 mil barris importados em igual período do ano passado. Em dinheiro, de janeiro a setembro a Petrobras já acumula um superávit de US$700 milhões, como resultado da diferença entre os gastos com as importações e a receita com as exportações. Nos nove meses as exportações médias atingiram 495 mil barris diários, representando um crescimento de 12% em relação ao ano passado.

O consumo total de derivados no terceiro trimestre atingiu 1,98 milhão de barris diários, apenas 1% superior ao de igual período de 2004. Nos nove meses o consumo totalizou 1,9 milhão de barris diários, um crescimento de 3%.

Do ano passado até o terceiro trimestre de 2005, os preços dos combustíveis no país tiveram um aumento de cerca de 51%, segundo o diretor. Isso fez com que a receita operacional líquida atingisse R$97,9 bilhões nos nove primeiros meses do ano, 20% maior do que os R$81,3 bilhões obtida no ano passado.

Investidor frustrado, ações em queda

O diretor da Petrobras admitiu que a companhia não vai conseguir investir neste ano os R$29 bilhões que previa inicialmente. Nos nove primeiros meses a companhia investiu R$16,9 bilhões, 8% acima dos R$15,6 bilhões aplicados no mesmo período no ano passado. O executivo estima que neste ano os investimentos totais da estatal deverão ficar em torno de R$25 bilhões, volume que, de qualquer forma, é superior aos R$21 bilhões investidos no ano passado.

- Não será possível investir todo o volume previsto devido às dificuldades naturais operacionais, de contratações e encomendas - informou Barbassa, ao destacar, contudo, que isso não afetará as metas futuras da companhia.

O lucro trimestral da Petrobras ficou abaixo das estimativas do mercado, que esperavam R$6 bilhões. O ganho menor do que o esperado se deveu, segundo analistas, ao aumento dos custos de exploração e refino. Ontem as ações da Petrobras registraram a quinta maior queda da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). As ações preferenciais da companhias (com prioridade no recebimento de dividendos) caíram 2,95%. Já as ações ordinárias (com direito a voto) recuaram 2,51%.

COLABOROU Patricia Eloy

www.oglobo.com.br/petroleo

inclui quadro: o balanço da companhia / os principais números da estatal / os maiores lucros de empresas de capital aberto em nove meses