Título: COTAÇÕES QUE AFETAM A SUCATA DEVEM CAIR MAIS
Autor: Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 13/11/2005, Economia, p. 32

Petróleo, aço e celulose em baixa em 2006

Se depender dos cenários para a economia mundial em 2006, os catadores de lixo não terão refresco. A cotação do dólar, que na última sexta-feira ficou em R$2,164, deve subir para uma média de R$2,41 no ano que vem, segundo pesquisa semanal do Banco Central com cem economistas. É uma taxa inferior aos R$2,654 do fim de 2004. O petróleo, que é matéria-prima de plásticos e derivados, caiu dos patamares recordes de agosto (quando o barril chegou a custar US$70) e deve ficar entre US$45 e US$50 no ano que vem. Na sexta-feira, o barril do tipo brent fechou a US$54,94.

O crescimento econômico global ¿ que embala o apetite por commodities e sucatas ¿ perderá o fôlego e será de 3,5%, segundo previsões de grandes bancos, contra 4% este ano. A cotação da celulose (que influencia no preço de papel e papelão) deve ficar em média US$520 por tonelada em 2006, 14% abaixo dos preços do trimestre passado, explica Thiago Queiroz, analista da corretora Espírito Santo Research:

¿ A fábrica da Veracel, que entrou em operação em maio no Brasil, já alcançou capacidade plena. Até o fim de 2006 o Chile inaugura três fábricas. A oferta global será maior.

Para aço e produtos siderúrgicos, cujos preços recuaram 40% desde o início do ano, não há previsão de melhora. É grande a oferta no mercado internacional e a China mantém suas siderúrgicas a pleno vapor. Beatriz Fortunato, do Opportunity, explica que as cotações só não devem cair mais porque os preços estão próximos ao custo de produção.

Mas especialistas no mercado de lixo fazem uma ressalva: também influencia o preço das sucatas a quantidade de material coletado, que varia conforme as taxas de desemprego e o crescimento econômico do país. (L.R.)