Título: Deputado e filha vereadora são citados em gravações
Autor: Antônio Werneck e Carla Rocha
Fonte: O Globo, 10/11/2004, Rio, p. 13
Pelo menos quatro dos 19 policiais rodoviários federais presos pela Polícia Federal na operação de anteontem citam, nas conversas gravadas pela PF, o deputado federal Roberto Jefferson e sua filha, a vereadora eleita Cristiane Brasil, uma das mais votadas do Rio, como beneficiários de parte do dinheiro que eles recolhiam nos postos da fiscalização. Um dos inspetores, Paulo Roberto Pinheiro da Cruz, de 59 anos, chefe do posto da Polícia Rodoviária Federal de Piraí, chega a dizer ter recebido um pedido da direção da PRF em Brasília para providenciar um ônibus para um comício da vereadora.
A assessoria do deputado federal disse que a versão de envolvimento de Roberto Jefferson e de sua filha no esquema da Polícia Rodoviária Federal é um grande absurdo. A assessoria reconheceu que o deputado tem ótima relação com os patrulheiros rodoviários do país, sendo inclusive patrono da PRF. Jefferson, ainda segundo seus assessores informaram ao GLOBO, indicou o atual diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, de Brasília. ¿Quero que a Polícia Federal cumpra seu dever, vá fundo e investigue tudo¿, afirmou o deputado através de sua assessoria.
¿ É possível que o nome do deputado tenha sido usado como vingança. Ele pediu a exoneração de Chico Preto (Francisco Carlos Silva, ex-superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Rio, preso na operação de anteontem), depois de saber de seu envolvimento em casos de corrupção ¿ afirmou sua assessora de imprensa Maria Teresa da Silva.
Segundo os policiais envolvidos nas investigações, em nenhum momento o deputado ou mesmo sua filha tiveram conversas com os patrulheiros gravadas. Geralmente o deputado e sua filha são citados em conversa com terceiros. O delegado Claudio Nogueira disse que a investigação agora será para analisar a documentação apreendida. O número de presos subiu ontem para 45. Dois patrulheiros ainda continuam foragidos: Gilberto Albuquerque Cardoso e Flávio Gomes Figueira Camacho. Também tiveram a prisão decretada e estão foragidas mais nove pessoas, entre elas dois empresários.