Título: UM PACTO NO RIO
Autor: SARAIVA FELIPE
Fonte: O Globo, 14/11/2005, Opinião, p. 7

Transformar o cenário da Saúde no Rio é o que estamos fazendo, para que o usuário do Sistema Único de Saúde perceba qualidade e resolubilidade quando procura por atendimento.

Começamos por reverter a abordagem do problema no Rio, saindo de uma situação de intervenção e de crise para o pacto com gestores do estado e dos municípios. Assinamos acordo com a Prefeitura do Rio, no qual o ministério recebeu de volta quatro grandes hospitais que foram municipalizados em 1999.

Esses hospitais reintegrados passam por reformas estruturais e modernização dos setores, com recuperação de todo o equipamento e a atualização de serviços continuados, o que possibilitará a reabertura e a criação de leitos, serviços de tratamento intensivo e unidades intermediárias. Paralelamente, estão sendo implantados processos gerenciais e protocolos para agilização no fluxo do atendimento ¿ já se atinge o dobro de atendimentos ambulatoriais e de cirurgias em comparação a março.

Com a criação da diretoria que passou a gerir a rede federal no Rio, as unidades passaram a trabalhar de maneira integrada numa perspectiva de redes de atenção ao câncer, às doenças cardiovasculares e ao trauma ortopédico do idoso. As semanas de esforço concentrado, por exemplo, realizadas em setembro e outubro, atenderam 112 idosos que aguardavam por uma cirurgia.

Instituímos um colegiado de diretores de unidades federais que está avaliando o perfil de atendimento de cada unidade de modo a otimizar os serviços de forma integrada na rede própria e no SUS. Estamos criando também conselhos de gestão participativa em todos os hospitais.

Constituímos uma comissão presidida pelo secretário estadual, composta por representação do ministério e pelos 20 municípios da Baixada e de Niterói. A Comissão Metropolitana opera com câmaras técnicas e está estruturando a central que vai controlar todo o conjunto de leitos da região e definirá prioridades de atendimento.

Na Baixada Fluminense, foram destinadas verbas para reforma, ampliação e aquisição de equipamentos para a emergência do Hospital de Nova Iguaçu e firmado um compromisso para a retomada da construção do hospital municipal de Queimados, obra paralisada nos anos 90. Em Niterói, investiu-se em um novo modelo de atendimento não-hospitalar às urgências, que funciona 24 horas.

A nova maneira de abordar essa situação tem como base o pacto em defesa da vida, com o enfrentamento das principais causas de mortalidade e morbidade; o pacto de gestão, que repensa a implementação e a avaliação de políticas públicas em saúde, e o pacto em defesa do SUS.

Esse conjunto de iniciativas mudou não só o modo de inserção do ministério na política de saúde do Estado, mas criou uma nova lógica de trabalho, em que a cooperação e as decisões em conjunto, pela primeira vez, estão sendo colocadas em prática, visando à solução dos graves problemas.