Título: Gasolina e aço elevam inflação pelo IGP-DI a 0,53%
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 10/11/2004, Economia, p. 23

O Índice Geral de Preços (IGP-DI) subiu em outubro. A taxa, medida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) entre os dias 1 e 30 do mês passado, passou de 0,48% em setembro para 0,53%, acumulando alta de 10,65% este ano. Nos últimos 12 meses, a taxa, que serve de referência para os reajustes das tarifas de telefone, subiu 11,85%. A alta dos produtos siderúrgicos no atacado (7,38%) ¿ que já subiram mais de 50% este ano ¿ e o aumento dos combustíveis no varejo fizeram o IGP-DI ficar mais alto. Segundo Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da FGV, a inflação poderia ser maior se os preços de cereais e grãos não tivessem baixado.

¿ Houve choques de alta, nos produtos siderúrgicos e nos combustíveis, e de baixa na soja e bovinos. Um choque praticamente anulou o outro. Por isso, a taxa subiu pouco ¿ disse o economista ao divulgar o índice ontem.

Índice para consumidor passou de 0,01% para 0,10%

A alta do aço fez o grupo bens intermediários no atacado subir de 1,58% para 2,62%. Mas a queda de 2,73% nos preços dos produtos agrícolas compensou a alta, fazendo o Índice de Preços por Atacado (IPA) ¿ responsável por 60% do IGP-DI ¿ ficar praticamente estável de setembro (0,65%) para outubro (0,61%).

E a elevação de até 3% no preço da gasolina atingiu em cheio o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que responde por 30% da taxa geral. O reajuste do combustível foi responsável por 60% dos 0,10% de alta do IPC. Outro impacto veio do álcool, que subiu 4,97%.

¿ Esses dois produtos causaram a alta do grupo transporte, que passou de uma deflação de 0,10% em setembro para alta de 0,88% ¿ disse André Furtado Braz, coordenador dos IPCs da FGV.

E o índice pode subir ainda mais este mês, afetado pelo reajuste de 4,17% na tarifa telefônica. Outro aumento previsto é o da energia elétrica no Rio, de 0,69%.

¿ Ainda há o resíduo da alta da gasolina ¿ avisou Braz.

O núcleo da inflação, que desconsidera as maiores baixas e altas captadas pelo índice, subiu de 0,38% para 0,43%. O índice permanece próximo de 0,4% desde julho e mostra uma inflação sob controle, na opinião de Salomão Quadros.

Alta do aço fez custo da construção civil subir

O outro componente do IGP-DI mais que dobrou em outubro. O Índice Nacional da Construção Civil (INCC), que responde por 10% do IGP, subiu de 0,58% para 1,19%. Segundo Quadros, o choque de preços do setor siderúrgico foi o principal motivo para a alta do índice. O grupo materiais e serviços, que registrou uma variação de 1,09% em setembro, subiu 1,99% em outubro. O custo da mão-de-obra ficou 0,28% maior. No ano, o índice acumula alta de 11%.

A taxa medida pelo IBGE também captou alta no custo do metro quadrado construído, que passou para R$ 496,94, numa alta de 0,74% em outubro. No ano, a taxa acumulada está em 8,60%.