Título: BB TEVE GANHO DE R$3,41 BI NO ANO
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 15/11/2005, Economia, p. 24

Resultado subiu 51,6%. Analistas projetavam lucro maior no trimestre

SÃO PAULO. O Banco do Brasil (BB) teve lucro líquido de R$3,41 bilhões nos primeiros nove meses deste ano, valor 51,6% maior que o ganho do mesmo período de 2004. Só no terceiro trimestre, o lucro foi de R$1,43 bilhão, um salto de 72,7%. Esse desempenho, porém, incorporou uma receita extraordinária de R$565 milhões, decorrente da recuperação judicial de créditos tributários. Sem isso, o ganho de junho a setembro teria caído para R$873 milhões.

No ano, o resultado ficou abaixo dos registrados por Bradesco (R$4,05 bilhões) e Itaú (R$3,82 bilhões). Também ficou aquém do esperado pelos analistas, que projetavam ganho operacional superior a R$900 milhões no trimestre. Ontem, as ações do BB fecharam em queda de 3,75% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), cotadas a R$42,54.

Balanço do BB foi afetado pelo crédito agrícola

Em nota do balanço, o BB justifica o desempenho com o aumento do risco de crédito, afetado pelas linhas destinadas ao agronegócio - houve estiagem na Região Sul, no Mato Grosso do Sul e em algumas áreas do Sudeste, além de problemas na venda da safra e queda em preços internacionais de commodities. O efeito do aumento da carga tributária sobre as operações de hedge (proteção) causado pela valorização do real também afetou o resultado, segundo o banco.

A inadimplência cresceu, ao contrário do que ocorreu com Bradesco e Unibanco. As operações do BB com atrasos nos pagamentos superiores a 60 dias, que eram de 3,3% da carteira em setembro do ano passado, chegaram a 3,9%.

A carteira de créditos do BB cresceu 12,5% em relação a setembro de 2004, chegando a R$94,68 bilhões. Embora o BB seja dono do maior estoque de créditos do país - o Bradesco, por exemplo, tem R$75,24 bilhões - a carteira evoluiu menos que a dos maiores concorrentes. Os financiamentos do Bradesco subiram 25,5% até setembro e os do Itaú, 24%.

- Não compramos redes alternativas de distribuição nem fizemos acordos com redes varejistas ou compramos carteiras de outros bancos - disse o presidente do BB, Rossano Maranhão. - Essa é uma postura mais conservadora, mas que não compromete o crescimento a médio e longo prazos.