Título: Sem ter votado relatório, CPI do Mensalão termina amanhã
Autor: Lydia Medeiros/Isabel Braga
Fonte: O Globo, 15/11/2005, O País, p. 9

Só 15 deputados assinaram o pedido de extensão

BRASÍLIA. A CPI do Mensalão, criada por governistas como contraponto à CPI dos Correios, deverá ser extinta à meia-noite de amanhã sem sequer ter votado o relatório final. O prazo regimental acaba em 16 de novembro e o requerimento que prorroga os trabalhos por mais 120 dias, de autoria do senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA), tem 30 assinaturas de senadores, mas apenas 15 de deputados.

A oposição tentará recolher assinaturas amanhã, mas admite que é difícil chegar às 171 necessárias para manter a CPI.

Abi-Ackel tentará apresentar relatório amanhã

O relator, deputado Ibrahim Abi Ackel (PP-MG), está ciente da dificuldade da prorrogação e tentará, pelo menos, apresentar o relatório amanhã.

- Não será o relatório detalhado que eu pretendia fazer, mas será um substancial, das coisas que apuramos até agora. Nunca houve problemas com a prorrogação de CPIs até essa disputa entre governo e oposição na prorrogação da CPI dos Correios - disse Abi Ackel.

O governo, por seu lado, não fez qualquer esforço para a prorrogação. O deputado Odair Cunha (PT-MG), integrante da CPI do Mensalão, aceita a continuação por 30 dias.

- Mais 30 dias para o relator apresentar o relatório e votarmos, acho razoável. Mas não há necessidade de 120 dias. A oposição não quer a conclusão dos trabalhos, quer um palanque eleitoral - disse o deputado petista.

O deputado José Rocha (PFL-BA) disse que recebeu quinta-feira um pedido do presidente da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), para recolher assinaturas. As atenções, no entanto, estavam voltadas para prorrogação da CPI dos Correios.

- Tenho 15 assinaturas, todas do PFL. Ficamos de coletar na quarta-feira ( amanhã), mas é difícil. O governo não tem interesse e já demonstrou isso com a CPI dos Correios - afirmou Rocha.

O governo ainda tentará amanhã barrar a prorrogação da CPI dos Correios. O deputado Carlos William (PMDB-MG) apresentará um recurso à Mesa da Câmara alegando que sua vontade não foi respeitada.

- A minha vontade era retirar e a esperteza, ou estratégia da oposição, de guardar meu primeiro requerimento e apresentá-lo no minuto final, não pode prevalecer acima do bom senso. A cronologia tem que ser dos fatos e não do protocolo - observou o peemedebista.

O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), pediu ontem a expulsão do deputado tucano Átila Lira (PI), por ser um dos 66 deputados que retiraram a assinatura do requerimento de prorrogação da CPI dos Correios. Ele e o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) enviaram representações ao Conselho de Ética do partido. Antero pede que, caso o PSDB entenda que o deputado não deve ser expulso, pelo menos não lhe conceda a legenda para disputar a reeleição em 2006.