Título: Polícia e Ministério Público dizem que têm provas para acusar Palocci
Autor: Soraya Agege de Carvalho/Carlos Severino
Fonte: O Globo, 15/11/2005, O País, p. 4

Ex-assessores serão indiciados por formação de quadrilha em Ribeirão Preto

CORREÇÃO DA MATÉRIA ABAIXO:

Diferentemente do que foi publicado ontem na página 4, a mais alta corte de justiça do país é Supremo (e não Superior) Tribunal Federal.

PUBLICADO EM 16.11.2005, PÁGINA 6

RIBEIRÃO PRETO (SP) e SÃO PAULO. A Polícia Civil e o Ministério Público estadual paulista informaram ontem que já têm provas para indiciar o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, por peculato e formação de quadrilha, por causa do superfaturamento dos serviços de lixo em Ribeirão Preto (SP), entre 2001 e 2002, na sua primeira gestão na prefeitura. A denúncia só não foi apresentada porque, como ministro, Palocci tem foro privilegiado no Superior Tribunal Federal (STF). Até o fim do mês, quando termina o inquérito, apenas os ex-assessores de Palocci serão indiciados, segundo a Polícia Civil de Ribeirão Preto.

- As provas já estão com a polícia. No que tange ao esquema do lixo, já temos elementos para o indiciamento. Quando ele foi prefeito, o lixo foi superfaturado - disse o promotor Aroldo Costa Filho, responsável pelas investigações sobre fraudes na gestão petista em Ribeirão Preto.

O delegado seccional de Ribeirão Preto, Benedito Antônio Valencise, que preside o inquérito, confirmou já ter provas contra o ministro.

- Os documentos e depoimentos que recolhi até agora configuram crimes de peculato, falsidade ideológica e formação de quadrilha - disse Valencise.

Ex-assessores devem ser indiciados até fim do mês

O delegado afirmou que, ao fim do inquérito, os documentos contra Palocci serão enviados ao STF que deverá decidir se indicia ou não o ministro.

Segundo Valencise, ex-assessores de Palocci serão indiciados até o fim do mês por peculato, falsidade ideológica e formação de quadrilha.

As investigações estão sendo acompanhadas pela CPI dos Bingos. Estão sendo investigados pagamentos superfaturados para a empresa Leão & Leão, que faz a varrição e coleta de lixo da cidade. O esquema teria desviado mais de R$10 milhões e a maior parte pode ter sido transferida para o caixa dois do PT.

O esquema teria sido comandado por Isabel Bordini, superintendente do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp), casada com o então secretário de Governo de Palocci, Donizete Rosa, hoje diretor-superintendente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Os pagamento à empresa Leão & Leão eram feitos pelo Daerp.

(*) Especial para O Globo

Legenda da foto: VALENCISE: "Os documentos e depoimentos até agora configuram crimes de peculato e falsidade ideológica"