Título: PFL CRITICA A ESTRATÉGIA DE PALOCCI
Autor: Cristiane Jungblut e Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 16/11/2005, O País, p. 3
Para líder no Senado, ministro está tentando surpreender senadores da oposição
BRASÍLIA. Apesar de o governo ter costurado com integrantes da oposição a ida do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, hoje ao Senado, houve críticas do PFL à estratégia do Palácio do Planalto. O líder do partido no Senado, José Agripino Maia (RN), disse que Palocci tenta surpreender os senadores da oposição para que eles não se preparem adequadamente para inquiri-lo. Agripino voltou a dizer que Palocci não é o foco da crise, mas afirmou que ele terá de ser convincente ao rebater as denúncias, ou será convocado pela CPI dos Bingos.
¿ Ele decidiu se antecipar porque não agüentaria esperar até o dia 22. Mas ninguém está interessado em discutir economia com ele. Queremos saber sobre as denúncias feitas pelos `italianos de Ribeirão Preto¿ ¿ disse o pefelista, referindo-se a ex-assessores de Palocci como Vladimir Poleto e Rogério Buratti.
Para Agripino, o ministro, com a atitude, demonstra que decidiu permanecer no cargo, pelo menos por enquanto.
¿ O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem muitas dificuldades de substituí-lo, porque tem que ser alguém com força para enfrentar o próprio PT.
Já o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), afirmou que Palocci é uma fonte de equilíbrio e lucidez no governo e que, por isso, não é uma tarefa agradável atacá-lo.
¿ Não é uma pessoa a ser crucificada nesse governo pelas deficiências técnicas. É para ser atacado pelos fatos pretéritos. Não gosto disso, mas terei de fazê-lo se houver razões. Os fatos vão presidir nossas ações ¿ disse o tucano.
Virgílio arriscou uma previsão:
¿ Não importa o desempenho do ministro, mas é certo que Palocci nunca mais terá a mesma força.
O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) disse que o governo quer atribuir à oposição o ônus de uma eventual demissão de Palocci.
¿ Não vamos assumir isso. Palocci é um problema do governo Lula, que tem o monopólio dessa crise.
Já o líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), ameaçou processar Palocci se ficar comprovado que ele era obrigado a ir também hoje à Comissão de Educação da Câmara e não comparecer sem uma justificativa. Para o pefelista, o ministro não tem motivos para faltar. A audiência seria destinada a discutir a criação do Fundeb, mas parlamentares da comissão lembraram que ministros costumam ter o direito de acertar a data de seu comparecimento. A assessoria de Palocci já avisou que ele não vai.
¿ Se ficar comprovado que ele estava convocado, vou entrar na Justiça contra ele por crime de responsabilidade. Ele está agindo de forma esperta e deselegante ao ir ao Senado num dia esvaziado. Se quer fugir às responsabilidades, que deixe o cargo ¿ afirmou Rodrigo Maia, acrescentando que o ministro da Fazenda está desrespeitando a Câmara ao preferir comparecer ao Senado.
O deputado avisou ainda que a Comissão de Finanças e Tributação já convocou Palocci para o dia 22.
¿ Essa sim é uma convocação. Se ele não comparecer, entro com outra ação por crime de responsabilidade ¿ afirmou o líder do PFL.
Para o pefelista, Palocci foi esperto ao acertar sua ida ao plenário do Senado. E criticou o Senado:
¿ Os senadores estão errando. Ao falar no plenário, Palocci falará de cima para baixo. Ele tinha que ir na comissão mesmo ¿ disse Rodrigo Maia. (Cristiane Jungblut e Lydia Medeiros).