Título: ARGENTINA QUER SALVAGUARDA PARA SE PROTEGER DE PRODUTO BRASILEIRO
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 16/11/2005, Economia, p. 21

Negociações estão lentas por causa do Brasil, diz Lavagna

BRASÍLIA. A poucos dias do encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega argentino Néstor Kirchner, no próximo dia 30, em Puerto Iguaçú, o ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, deu o tom do que seu país espera da reunião: a inclusão de um mecanismo de salvaguardas automáticas para proteger as indústrias argentinas do crescimento das importações de produtos brasileiros. Para Lavagna, se Lula não anunciar um gesto de boa vontade nesse sentido, tudo não passará de mero cerimonial.

¿ É óbvio que ambos continuaremos sendo sócios estratégicos. Mas também é óbvio que as negociações estão muito paradas. Se não houver a assinatura de uma cláusula de adaptação competitiva, como nós chamados, a reunião pode chegar a ser puramente cerimonial ¿ disse Lavagna, segunda-feira, a uma emissora de TV argentina.

O ministro responsabilizou o Brasil pela lentidão das negociações, que vêm se arrastando há cerca de um ano. Afirmou que os benefícios do Mercosul precisam ser equilibrados e compartilhados entre os dois países.

Ele justificou a medida de salvaguardas ¿ que podem se traduzir em cotas ou sobretaxas para limitar as importações ¿ argumentando que a Argentina está em pleno processo de industrialização e precisa de espaço para se desenvolver.