Título: DATA PARA DESPERTAR DO PESADELO
Autor:
Fonte: O Globo, 16/11/2005, O Mundo, p. 23

Enquanto nos perguntamos sobre como dar um fim a nosso pesadelo no Iraque, a questão central é a que foi levantada pelo ¿Times¿ do dia 7 de agosto: ¿Por quanto tempo mais serão sacrificadas vidas valiosas no esforço vão de impor a uma população árabe um governo complexo e caro que ela nunca pediu?¿

Não neste ¿Times¿, de Nova York. Foi no ¿Times¿ de Londres de 7 de agosto de 1920, quando uma feroz rebelião ameaçava a ocupação britânica do Iraque. Os britânicos também começaram pensando que eram libertadores, para descobrir que tinham subestimado o nacionalismo iraquiano. Terminaram sendo sugados pelo que Lawrence da Arábia descreveu como ¿uma armadilha da qual será difícil escapar com dignidade e honra¿. Ainda assim, os britânicos conseguiram se soltar, fornecendo lições para nós.

Então, o que devemos fazer?

Meu voto é fixar datas para a retirada das tropas. Sugiro que anunciemos que pretendemos tirar metade dos soldados no fim de 2006, e o último militar no fim de 2007. Também nos comprometeríamos a não manter bases militares no Iraque.

Isso daria certo? Não tenho certeza. Mas tenho que reconhecer que a grande desvantagem de se fixar datas é que elas podem encorajar os rebeldes a pensar: ¿Só precisamos agüentar mais um ano e o Iraque estará pronto para dominarmos.¿ Esta é uma preocupação legítima, mas prazos evitam obstáculos. E, junto com a renúncia às bases, mostram sensibilidade ao ressentimento com nossa presença e dão ao sistema político e ao Exército iraquianos tempo para se fortalecerem.

Os rebeldes têm força porque muitos iraquianos comuns são hostis aos americanos. Se deixarmos claro que estamos indo embora, será mais difícil para eles se retratarem como heróis.

Todas as opções do Iraque são ruins. Mas esta é a menos ruim.

NICHOLAS D. KRISTOF é colunista do ¿New York Times¿