Título: MANTEGA: VARIG AINDA NÃO ESTÁ A SALVO
Autor: Priscila Guilayn
Fonte: O Globo, 16/11/2005, Economia, p. 19

Para o presidente do BNDES, empréstimo foi apenas o primeiro passo

MADRI. Apesar do acordo com a companhia aérea portuguesa TAP, a Varig ainda não está a salvo da bancarrota, afirmou ontem, o presidente do BNDES, Guido Mantega. Segundo ele, que está na capital espanhola para um fórum do mercado de ações latino-americanas da Bolsa de Madri, o empréstimo do BNDES de parte dos US$62 milhões que a TAP necessita para comprar as subsidiárias VarigLog e VEM é o primeiro passo para evitar a retomada de 40 aviões da Varig pela Justiça americana, mas ainda não é o fim dos problemas.

¿ Sem este passo a Varig não conseguiria prosseguir, mas ela pode perecer no meio do caminho. O que existe é uma possibilidade de resolução ¿ ressaltou Mantega.

No próximo dia 22 de dezembro, a Varig terá que aprovar seu plano de recuperação e voltar à Corte de Falências americana para nova audiência.

¿ Existe este novo prazo estabelecido pela Justiça americana e até lá a Varig já terá que ter dado os novos passos em direção a esta reestruturação. Eu confio que isso será conseguido.

O BNDES financiou o investimento feito pela TAP de US$41 milhões, mas segundo Mantega isso não significa que o banco esteja financiando uma empresa estrangeira na compra de uma empresa de aviação brasileira, operação proibida pela lei no Brasil.

¿ Foi criada uma Sociedade de Propósito Específico com 20% de participação da TAP e 80% de um grupo brasileiro.

Banco pode ajudar em nova etapa da recuperação

Mantega ressalta que nesta operação não há nenhum risco para o BNDES, que terá seu dinheiro de volta com juros. Segundo ele, a holding da TAP deu as garantias, e como 90% dela pertencem ao governo português, o próprio governo estaria garantindo a operação. Mantega afirma também que não há riscos de desnacionalização do setor aéreo, uma vez que apenas 20% do poder da nova empresa estarão nas mãos da portuguesa TAP e do magnata chinês Stanley Ho, parceiro da empresa na operação.

O banco não se fecha a uma nova cooperação, disse ele.

¿ Se o setor privado quiser novos financiamentos, o BNDES estará novamente disposto a liberá-los desde que dentro das regras. Senão o BNDES não se envolve.