Título: FUZILEIRO NAVAL ACUSA A MARINHA DE RETALIAÇÃO
Autor: Paulo Yafusso
Fonte: O Globo, 22/11/2005, O País, p. 11

Militar foi testemunha num processo judicial contra a corporação

CAMPO GRANDE. Luciano Cruz Souza, fuzileiro naval do 6º Distrito da Marinha, sediado em Ladário, a 426 quilômetros de Campo Grande, na fronteira com a Bolívia, está preso desde sexta-feira, supostamente como retaliação por ter sido testemunha de um colega de farda num processo contra a corporação. Seu advogado, Marcílio Lins, entrou ontem no Superior Tribunal de Justiça Militar com pedido de hábeas-corpus para relaxar a prisão.

O fuzileiro só tem autorização para conversar com o advogado. No fim de semana, ele falou com jornalistas usando um celular emprestado. ¿Há uma semana fui testemunha de um caso de tortura no quartel, um abuso de autoridade. Dois dias depois, fui preso¿, afirmou Luciano.

Segundo o advogado, Luciano testemunhou em favor de um colega num processo de reparação de danos. O outro fuzileiro, que não é mais da Marinha, teria sido obrigado a trabalhar sob forte calor, mesmo recém-saído de uma cirurgia odontológica e com a boca sangrando.

Em nota, o 6º Distrito Naval diz que dia 18, ao ser levado ao Hospital Naval para ser submetido a inspeção de saúde em cumprimento de punição disciplinar, depois de ter sido interrogado pelo comandante do grupamento, Luciano teve uma ¿reação rápida e violenta, quebrou o vidro da porta do hospital e evadiu-se do local¿. O advogado nega. Segundo ele, a Marinha montou a versão para prender o fuzileiro.

(*) Especial para O GLOBO