Título: MINISTRO VOLTOU A RECLAMAR DO FOGO AMIGO
Autor: Cristiane Jungblut e Luiza Damé
Fonte: O Globo, 22/11/2005, O País, p. 3

BRASÍLIA. A defesa enfática que fez ontem da condução da política econômica foi a forma encontrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prestigiar o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que ontem voltara a dar demonstrações explícitas de irritação com o que tem chamado de ¿fogo amigo¿. Na cerimônia do Planalto, Palocci estava com ¿cara de poucos amigos¿, como se comentava por lá. Ele quase não foi à solenidade. Estava no Palácio, mas chegou atrasado, depois da entrada do presidente Lula, o que não é comum. Sua cadeira chegou a ser retirada do palco de autoridades.

O ministro da Fazenda voltou a reclamar ontem no governo que não pode ficar sendo criticado internamente, pois isso poderia fragilizá-lo mais. O argumento usado por ele e seus interlocutores é que não pode haver dúvidas sobre a influência interna e a força do ministro da Fazenda. A palavra de ordem ontem era que Palocci fica no governo.

Palocci estava especialmente irritado com a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que em Salvador voltou a reafirmar suas críticas ao plano de ajuste fiscal de longo prazo. No fim de semana, depois de suas declarações em Salvador, Dilma foi aconselhada pelo ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, a não comentar mais o tema publicamente porque isso só piora a situação no governo.

O ministro da Fazenda também voltou a ficar contrariado com as notícias de que Lula estaria incentivando Dilma a enfrentá-lo no debate da política econômica. O humor de Palocci ainda estava alterado por causa das audiências hoje na Câmara em duas comissões e a possibilidade de convocação pela CPI dos Bingos.

COLABOROU Cristiane Jungblut