Título: APESAR DE PALOCCI, DÓLAR CAI 0,27% E BOLSA SOBE
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 22/11/2005, Economia, p. 29

Moeda fecha a R$2,204. Expectativa de que depoimento do ministro não traria novidades tranqüilizou investidores

O mercado financeiro brasileiro teve ontem um dia tranqüilo, apesar da expectativa em torno do depoimento do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE). O dólar permaneceu durante todo o dia abaixo da cotação de segunda-feira (R$2,21) e encerrou em queda de 0,27%, a R$2,204, apesar de um novo leilão de compra de moeda pelo Banco Central (BC), a R$2,199. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuperou parte das perdas dos dois últimos pregões e subiu 0,87%. O risco-Brasil ficou estável em 353 pontos centesimais.

Segundo investidores, como o PSDB e o PFL adotaram a estratégia de não fazer perguntas sobre as denúncias contra Palocci (entre elas, a de suposta corrupção durante sua gestão na prefeitura de Ribeirão Preto) - atendo-se às referentes à economia, para forçar a convocação do ministro pela CPI dos Bingos - a avaliação era de que as declarações não trariam novidades e, portanto, não gerariam especulações no mercado. O depoimento de Palocci começou próximo ao fim dos negócios e, até então, o ministro havia falado pouco sobre as denúncias, o que tranqüilizou analistas.

Dólar oscila com especulaçãosobre volta de leilões

As especulações ontem ficaram restritas à volta dos leilões de swap cambial do BC, que na prática são uma compra de dólares no mercado futuro. Com isso, o dólar oscilou de R$2,191 a R$2,207 - uma variação de 0,73%. Na semana passada, a autoridade monetária anunciou que, após dez meses de ausência, poderia voltar a realizar os leilões, que antes aconteciam semanalmente e agora poderiam ocorrer a qualquer tempo, de acordo com as condições de mercado.

Entre fevereiro e março, os leilões de swap e as compras de dólar à vista conseguiram interromper a trajetória de forte queda da moeda. Ontem, os investidores se perguntavam quando os leilões seriam retomados. Sem novidades no cenário político, as taxas projetadas pelos contratos de juros negociados no mercado futuro recuaram: nos mais negociados, com vencimento em janeiro de 2007, caíram de 17,29% para 17,24% ao ano. O Global 40, título brasileiro negociado no exterior, subiu 0,58%, para 121,7% do valor de face.

O saldo de investimento estrangeiro na Bovespa ficou negativo em R$173 milhões nos primeiros 11 dias do mês. As compras somaram R$4,404 bilhões e as vendas, R$4,57 bilhões. No mesmo período do mês anterior, o balanço havia ficado positivo em R$12 milhões. No ano, o saldo estrangeiro está no azul em R$3,852 bilhões, segundo informações divulgadas ontem pela Bolsa. Ontem, a agência de classificação de risco Moody's elevou a nota de força financeira do Banco do Brasil de E+ para D, em resposta à melhora na sua capacidade de gerar lucro e no seu desempenho financeiro.

inclui quadro: o comportamento dos indicadores / o mercado ontem