Título: PIRATARIA FATURA MAIS DO QUE O NARCOTRÁFICO
Autor: Mirelle de França/Paulo Thiago de Mello
Fonte: O Globo, 18/11/2005, Economia, p. 29

A pirataria hoje é a maior atividade criminosa do mundo. A conclusão foi apresentada no Congresso Mundial de Combate à Pirataria, promovido esta semana pela Interpol, em Lyon, na França. A modalidade movimenta anualmente US$516 bilhões, contra US$322 bilhões do tráfico de drogas, segundo a organização policial internacional.

"Não podemos subestimar os danos que o crime de propriedade intelectual provoca", disse Ronald Noble, secretário-geral da Interpol, em um comunicado.

Alguns números assustam: cerca de 10% dos medicamentos consumidos no mundo são pirateados. Nos países emergentes, essa proporção pode chegar a 25%. Na Nigéria, a situação virou tragédia humanitária. Lá, 68% dos remédios são piratas. O país está sendo acusado pela Organização das Nações Unidas (ONU) de crime de terrorismo contra a humanidade, informou a diretora-geral da Food and Drug Administration and Control da Nigéria, Akunuili Dora.

O combate à pirataria também é uma prioridade para o governo americano. Estima-se que 40% do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA vêm de atividades que dependem de propriedade intelectual, o que significa cerca de US$5 trilhões anuais. A mesma proporção se aplica às exportações americanas. Com essa fatia ameaçada pela pirataria, os EUA vêm intensificando a pressão sobre países como a China.

Os avanços do Brasil no combate à pirataria foram elogiados durante o congresso. Sobre a tendência de tornar crime não apenas a venda, mas o uso e a compra de produtos piratas, como tem sido feito na França, na Itália e na Espanha, o deputado federal Júlio Lopes, que representou o Brasil no Congresso, não acredita que o país tenha chegado a esse estágio.

- Ainda temos muito a fazer na repressão aos distribuidores - argumentou.