Título: AVIÕES PARADOS AUMENTAM PREJUÍZO DA VARIG
Autor: Érica Ribeiro
Fonte: O Globo, 18/11/2005, Economia, p. 33

Empresa, que teve resultado negativo de R$ 778 milhões até setembro, demitiu 156 pilotos para cortar custos

A redução da frota de aviões da Varig em operação - 16 estão parados por falta de manutenção - influenciou no resultado da companhia, que divulgou ontem balanço com prejuízo de R$778 milhões nos nove primeiros meses do ano, contra R$305 milhões de janeiro a setembro de 2004. No terceiro trimestre, o prejuízo foi de R$384 milhões, enquanto em 2004 a empresa chegou a ter lucro de R$261,8 milhões. Com menos aviões, a empresa, dentro de um plano de corte de custos, demitiu 156 pilotos de um total de 1.695.

Segundo o diretor de Relações com Investidores da Varig, Ricardo Bulara, os aviões parados, além de não gerar receita, são uma fonte de despesas, já que mensalmente é preciso pagar US$2,6 milhões para as empresas de leasing.

A expectativa é que na semana que vem a Varig receba US$40 milhões de antecipação de recebíveis de cartões de crédito, dentro da negociação feita com a TAP quando a companhia aérea portuguesa fechou a compra das subsidiárias VarigLog e VEM. Parte do dinheiro será usada para recuperar cinco dos 16 aviões parados. Segundo Bulara, a valorização do real frente ao dólar e os custos do combustível de aviação também prejudicaram o resultado.

- A apreciação do real frente ao dólar também influenciou, já que 60% da venda de bilhetes da Varig são na moeda americana e em euros. Além disso, o custo do combustível de aviação aumentou. De janeiro a setembro de 2004, o QAV representava 35% dos gastos totais e no mesmo período deste ano passou a comprometer 39% dos gastos - ressaltou.

A receita da Varig de janeiro a setembro foi de R$5,2 bilhões, contra R$5,4 bilhões no mesmo período de 2004. No terceiro trimestre, a receita foi de R$1,8 bilhão, enquanto de julho a setembro de 2004 ficou em R$2,2 bilhões. O endividamento continuou estável, segundo Bulara, em R$5,7 bilhões, 64% deste total com o governo e estatais. Bulara voltou a dizer que o encontro de contas com o governo é fundamental para reduzir significativamente o endividamento da empresa. O patrimônio líquido negativo ficou em R$7, 2 bilhões.

Sindicato vai entrar na Justiça contra demissões

A demissão dos pilotos da Varig será contestada pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas, que vai protocolar hoje na Justiça do Trabalho pedido de liminar para que os desligamentos não tenham validade jurídica. O presidente do Conselho de Administração da Varig, David Zylbersztajn, disse ontem que, independentemente da aprovação do plano, uma série de cortes custos na empresa já está em andamento:

- Não faz sentido manter cem pilotos há dois anos sem função na companhia e com vencimento.

O executivo disse ainda que até o momento seis empresas se mostraram interessadas na aquisição das ações das subsidiárias VarigLog e VEM. Os nomes não foram revelados, mas Zylbersztajn disse que entre os proponentes estão investidores que participaram da primeira fase do processo.

Segundo ele, até o dia 19 de dezembro a negociação estará concluída e a TAP, que tem o direito de preferência nas ações, decidirá se cobre as ofertas ou se as empresas terão novo dono. Em Lisboa, o presidente da companhia portuguesa, Fernando Pinto, disse à revista "Visão" que as negociações para o controle da Varig podem ter a participação da estatal lusa Parpública, do banco JP Morgan e do Millennium bcp, o maior instituição financeira privada português.

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inclui quadro: o balanço da companhia