Título: PF INDICIA SEIS NA PARMALAT BRASIL
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 18/11/2005, Economia, p. 33

Delegado acredita que matriz usava subsidiária como ponte para fraudes

SÃO PAULO. A Polícia Federal indiciou seis pessoas por evasão de divisas e lavagem de dinheiro no inquérito que investigou irregularidades na administração da Parmalat Brasil. Entre os indiciados estão o ex-presidente da empresa no país Gianni Grisendi, seu ex-diretor financeiro Carlos de Souza Monteiro e outros dois ex-executivos. Segundo o delegado da PF Paulo Tarso de Oliveira Gomes, os mais de 400 volumes do inquérito já foram enviados ao juiz da 6ª Vara Federal de São Paulo, Fausto Martim de Sanctis.

O delegado disse ter encontrado fortes evidências de fraudes contábeis entre 1998 e 1999. Um exemplo seria a emissão de notas promissórias no exterior, cujos recursos eram usados na compra de títulos do Tesouro americano. Estes eram revendidos para a Construtora Crescente, no Brasil, que os recebia no exterior e pagava à Parmalat em reais. Assim, afirma a PF, a Parmalat captava recursos externos sem pagar IOF. Gomes estimou essas operações em R$500 milhões.

Também foi investigada a movimentação de US$300 milhões, recebidos de duas offshores das Ilhas Cayman e remetidos para a Wishaw, com sede no Uruguai, também ligada ao grupo Parmalat.

- Acredito, pelas evidências, que o Brasil foi uma ponte para um esquema maior montado na matriz - disse Gomes.

O advogado de Grisendi e Monteiro, Luiz Fernando Pacheco, contestou as acusações. Ele disse os US$300 milhões resultam da venda de 19% da Parmalat Brasil ao Bank of America, com que a empresa teria quitado dívida com a Wishaw.

Legenda da foto: GIANNI GRISENDI: acusado de evasão de divisas e lavagem de dinheiro