Título: Tasso pede choque de moralidade
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 19/11/2005, O País, p. 5

Senador assume a presidência do PSDB com críticas a Lula e ao PT

BRASÍLIA. O novo presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), assumiu o cargo ontem com ataques ao governo Lula e ao PT, mas também aproveitou o discurso de posse para fazer uma detalhada análise dos problemas do país e listar os desafios que o próximo presidente da República vai enfrentar. Tasso propôs um choque de moralidade no país para recuperar a credibilidade da política. Anunciou que vai contratar uma auditoria privada para fiscalizar as contas do PSDB em sua gestão e sugeriu que todos os partidos façam o mesmo já em 2006:

¿ Os brasileiros descobriram que o governo do PT não é puro nem tem a exclusividade da ética na política. Estamos assistindo a um período no qual a corrupção e o uso de métodos ilegais atingiram limites nunca antes transpostos.

O senador defendeu uma ¿reengenharia¿ das instituições políticas, com mudanças nos sistemas eleitoral, partidário e de governo.

¿ Propomos um choque de moralidade que deve começar pela renovação das práticas de gestão dos recursos financeiros dos partidos ¿ pregou Tasso.

Apesar das críticas aos petistas, Tasso evitou adjetivos pesados e fez um diagnóstico dos problemas brasileiros:

¿ É preciso reconstruir o diálogo com a sociedade, retomar a discussão dos grandes problemas nacionais ¿ disse. ¿ Não podemos ficar impassíveis diante do vazio de um governo que, sem um projeto e incapaz de ter uma visão de futuro, deixa o país atônito e sem esperanças.

Tasso lembrou que o maior desafio do PSDB no governo foi o combate à inflação. O atual governo, disse, não foi capaz de passar à etapa seguinte, de criar condições para o crescimento sustentado da economia. O senador previu que o próximo presidente terá de lidar com os juros elevados. Para ele, não parece haver medidas óbvias e simples para encontrar equilíbrio com ¿taxas mais civilizadas¿.

Para senador, país está numa situação limite

Ele sustentou ainda que o país está numa situação limite por fechar suas contas com a elevação da carga tributária:

¿ O esforço fiscal não pode ser mantido à custa da excessiva e absurda redução do investimento público, que compromete nosso crescimento futuro.

Na área social, o novo presidente do PSDB defendeu a fixação de metas de desenvolvimento, com base em indicadores de analfabetismo, saúde e expectativa de vida. Também atacou as disparidades regionais.

¿ Creio que hoje a solução para as disparidades regionais passa por priorizar os investimentos públicos em infra-estrutura, assim como os investimentos públicos em conhecimento, principalmente em centros de pesquisa ligados à tecnologia e em universidades nas regiões mais pobres ¿ observou o senador.