Título: DILMA MANTÉM POSIÇÃO DIVERGENTE SOBRE AJUSTE
Autor: Luiza Damé
Fonte: O Globo, 19/11/2005, O País, p. 8

`Ele (Palocci) acha que eu estou errada. Eu acho que estou certa. É uma questão de opinião¿

SALVADOR. A chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deixou claro ontem que vai manter a sua opinião divergente do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, quanto à política de ajuste fiscal de longo prazo. Segundo a ministra, Palocci tem a opinião dele, ela tem a dela, e essa discussão mal começou.

¿ Nessa questão nós temos posições diferentes. Ele acha que eu estou errada. Eu acho que estou certa. É uma questão de opinião ¿ disse.

Respeito à ação de Palocci ¿em termos de estabilização¿

Para Dilma, em algum momento o governo terá que chegar a um consenso sobre o assunto, para que esse debate não se transforme ¿num diálogo de surdos¿.

¿ Nós não estamos discutindo questões pontuais, mas qual a forma em que isso deve se desenvolver ¿ disse ela, ao participar ontem do lançamento do Plano de Qualificação Profissional do Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural), em Salvador.

Ao comentar a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse considerar saudáveis as divergências entre ela e o ministro da Fazenda, a chefe da Casa Civil abrandou o tom e disse que essas diferenças de opinião transcorrem de forma amigável, com ¿imenso respeito recíproco¿.

¿ Eu respeito muito o ministro Palocci e tudo o que ele já realizou em termos de política de estabilização para o Brasil ¿ afirmou Dilma, acrescentando que a área econômica tem obtido grandes conquistas, a despeito da contenção de verbas, com indicadores extremamente superiores se comparados com os de 2002. A ministra citou como exemplo o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a taxas acima de 3%, o controle da inflação e o baixo risco-Brasil, entre outros indicadores.

¿ Mas isso não significa que nós não podemos divergir sobre aspectos do ajuste fiscal de longo prazo ¿ insistiu ela.

De acordo com Dilma, a discussão sobre como encaminhar o país para os próximos dez anos não é simples, por isso surgem pontos de vista tão diferentes.

¿ Isso não implica em qualquer relação conflituosa do ponto de vista pessoal. Nós divergimos do ponto de vista de uma concepção.

Ela nega que seja porta-voz de outros ministros

A ministra também negou que esteja agindo como porta-voz de outros ministros insatisfeitos com o contingenciamento de verbas.

¿ A minha relação com os ministros não é essa. Eu sou ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, portanto é muito mais a Presidência acompanhando as metas que o governo considera serem as principais, permitindo que as coisas fluam com a maior facilidade possível ¿ argumentou.