Título: MINISTRO DO PLANEJAMENTO DIZ QUE DILMA TEVE ATITUDE EQUIVOCADA
Autor: Luiza Damé
Fonte: O Globo, 19/11/2005, O País, p. 8

Para Paulo Bernardo, oposição quer desestabilizar Antonio Palocci

CURITIBA. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem em Curitiba que a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tomou uma atitude equivocada ao dar declarações sobre as divergências com a política econômica defendida por ele e pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci:

¿ No governo, temos ministros com papéis diferentes e isso faz com que, uma hora ou outra, nos coloquemos sob pontos de vista diferentes e até opostos. Mas a pior alternativa é dar uma declaração ou uma entrevista expondo os diferentes pontos de vista entre ministros sem que o assunto esteja concluído. Por isso acho que a ministra teve uma atitude equivocada.

Bernardo afirmou que as declarações da ministra foram mal interpretadas, porque ¿as pessoas não entendem todas as nuances do debate¿, provocando mal entendidos. No entanto, o ministro disse que os debates dentro do governo são salutares e naturais. Segundo ele, quando há desavenças entre ministros, quem decide é o presidente.

O ministro enfatizou que seu relacionamento com a ministra não sofreu qualquer tipo de abalo após suas críticas:

¿ Ela disse que ficou até sentida e que não quis se expressar naqueles termos.

Conversa com empresários sobre carga tributária

O ministro almoçou com empresários na Associação Comercial do Paraná e, à noite, fez uma palestra para estudantes de pós-graduação da PUC. O tema da conversa com os empresários foi a carga tributária. Bernardo tranqüilizou o empresariado e disse que ninguém no governo está trabalhando para mudar o superávit fiscal. Afirmou que não há intenção de criar superávit maior do que a meta já projetada, de 4,25%.

¿ A idéia que estamos trabalhando, ainda de forma preliminar, é ter um plano que permita ao governo prever as despesas primárias a longo prazo e permita maior flexibilidade orçamentária, traçando trajetória descendente nas despesas e na carga tributária ¿ afirmou.

O ministro disse que é necessário estabelecer patamares de crescimento aceitáveis, equilibrando as contas do governo.

¿ Nos últimos dez anos, os gastos com salários no Executivo federal cresceram 13% além da inflação. No Legislativo, 78%, e no Judiciário mais de 100% acima da inflação. Deveríamos ter um parâmetro que garantisse um equilíbrio maior ¿ afirmou.

Ele também disse que a oposição está querendo desestabilizar o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, com clara intenção eleitoral na manobra:

¿ A oposição quer atingir a perna de apoio do governo para desestabilizar a administração do presidente Lula. A oposição já percebeu que, caso o presidente saia candidato à reeleição, vai ser um competidor fortíssimo e terá todas as condições de ganhar a disputa. Por este raciocínio, eles concluem que é melhor desestabilizar o governo, mesmo que para isso desorganize-se a economia.