Título: Dirceu agora se compara a Jango, Getúlio Vargas e JK
Autor: Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 19/11/2005, O País, p. 12

Processo de cassação lembra Revolução Francesa, diz

SÃO PAULO. Em almoço de apoio organizado por prefeitos e deputados estaduais do PT de São Paulo e num ato de petistas mais tarde, o deputado José Dirceu (PT-SP) comparou ontem o processo de cassação de seu mandato com a Lei do Suspeito da Revolução Francesa, em que vários líderes foram decapitados. Segundo ele, oposição e setores da imprensa e da opinião pública aboliram o estado de direito em nome de uma caça às bruxas. Para Dirceu, se outras instituições, como a Igreja Católica, fossem alvo da suposta perseguição praticada contra o PT, hoje não existiriam mais católicos. Disse ainda que está em andamento um golpe mais sofisticado, sem tanques e sem armas, e que a oposição mantém o governo em estado de sítio permanente.

¿ Estamos começando a viver a Lei do Suspeito da Revolução Francesa ¿ disse Dirceu, reafirmando mais uma vez que não há provas documentais em seu processo de cassação.

A Lei do Suspeito foi criada pelo Comitê Revolucionário em 1793 e suprimia o direito de defesa dos acusados nos tribunais franceses: 17 mil pessoas foram condenadas à morte, entre elas Georges Danton, um dos líderes da revolução. Outras 300 mil foram presas até a revogação da lei em 1794, depois da morte de Maximiliem Robespierre, que foi decapitado.

Dirceu citou também os ex-presidentes João Goulart, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek como exemplos de políticos perseguidos por causa de denúncias de corrupção nunca comprovadas:

¿ Tudo isso tem que ser investigado. Mas o golpe de 64 foi sob a alegação do combate à corrupção. Do Getúlio se dizia que havia um mar de lama sob o Catete. Juscelino foi um dos políticos mais acusados de corrupção e nunca se provou nada.

Em visita ao ABC, o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, acusou ontem o ex-presidente Fernando Henrique e o prefeito José Serra de ¿golpismo¿ contra o presidente Lula. Para o ministro, o PSDB paulista deve apresentar o pedido de impeachment do presidente em janeiro, como ato de uma ¿escalada de ações¿.