Título: SENADOR FAZ ACUSAÇÕES SOBRE CRÉDITO CONSIGNADO
Autor: Isabel Braga
Fonte: O Globo, 19/11/2005, O País, p. 13

Caixa e BMG, citados pelo tucano, contestam afirmações de integrante da CPI dos Correios

BRASÍLIA. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) acusou ontem a Caixa Econômica Federal (CEF) de ter beneficiado o BMG numa operação em que comprou a carteira de empréstimos consignados da instituição, no valor de R$1,094 bilhão. A operação consiste em transferir ao banco estatal os créditos referentes aos pagamentos, que são feitos por desconto em folha, dos empréstimos que haviam sido concedidos pelo banco. Segundo a assessoria do tucano, a CEF deve ter lucro de R$346 milhões com o negócio, mas pagou ao BMG ágio de R$158,7 milhões.

CEF diz que operação é normal no mercado

O BMG é o banco do qual saíram, segundo Dias, cerca de R$40 milhões que passaram pelas contas de Marcos Valério e foram distribuídos a políticos aliados do PT. O lucro do BMG no negócio com a CEF teria sido, pelas contas dos consultores, de R$209 milhões.

Em nota, a CEF informou que a operação foi feita no mesmo momento em que muitas outras do gênero foram realizadas no mercado. A assessoria do banco informou que se pode esperar para o negócio um ganho bruto de R$905 milhões. ¿Para não se analisar de maneira leviana a operação, há a necessidade de conhecimento de certos conceitos técnicos. Não houve ágio. Quando se fala de ágio, significa a diferença entre o valor presente líquido pago pela Caixa pela carteira e o saldo devedor dos contratos na data da aquisição. O ágio serve para cobrir todas as despesas da originação (sic) dos contratos e também representa o ganho do BMG na venda dos créditos. Este lucro bruto, inferior ao que teria o BMG se mantivesse a carteira, é base de incidência tributária¿, diz a nota.

O advogado do BMG, Sérgio Bermudes, citou operações similares feitas pelo banco com o Itaú, o Votorantim e o Bradesco que somam aproximadamente R$1,5 bilhão.

¿ O nobre senador está desinformado. Cessões de crédito como essa são as mais normais do mundo.