Título: No Rio, um abismo de 38 posições no ranking
Autor: Demétrio WEber, Flávia Oliveira e Ronaldo D'Ercole
Fonte: O Globo, 19/11/2005, Economia, p. 35

População negra em 72º no IDH

Se fosse um país, o Estado do Rio seria comparável à Argentina em termos de nível de renda, educação e longevidade de sua população branca. Estaria, portanto, na 34ª posição no ranking do desenvolvimento mundial, dez posições à frente do IDH médio dos brancos brasileiros. Já os negros fluminenses vivem em condições semelhantes às da população das Ilhas Fiji, o arquipélago da Oceania que ocupa a 72ª posição na lista de 177 países para os quais a ONU calcula o IDH.

O estado é citado logo no início do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil 2005 como palco da chacina que matou, em duas horas e meia, 30 pessoas em Nova Iguaçu e Queimados no dia 31 de março deste ano. ¿Inédito, nesse massacre, foi a intensidade. O perfil das vítimas (pobres e, em sua maioria, negros) é semelhante ao de grande parte das cerca de 30 mil pessoas que morrem assassinadas no Brasil todos os anos¿, diz o relatório.

O Rio aparece novamente no capítulo que trata da violência policial e da desigualdade do sistema penal e judiciário. Cita uma pesquisa coordenada pelo sociólogo Ignácio Cano que analisou os registros de pessoas mortas ou feridas por policiais. Entre 1993 e 1996, houve 1.194 incidentes, que resultaram em 991 civis mortos. Os brancos ¿ que eram 60% da população e 40% dos presidiários ¿ representaram 30% das vítimas. Já os pretos, que eram 8% da população e um terço dos presidiários, também somavam três de cada dez mortos. (Flávia Oliveira)