Título: O SORRISO DA DISCÓRDIA
Autor: Martha Beck e Maria Lima
Fonte: O Globo, 23/11/2005, O País, p. 9
Cacoete do secretário do Tesouro irrita pefelista durante a audiência na Câmara
BRASÍLIA. O secretário de Tesouro Nacional, Joaquim Levy, foi responsável pelo momento mais tenso do depoimento do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Mas tudo não passou de um mal-entendido. O deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ), líder do partido na Câmara, fazia suas perguntas a Palocci quando notou e denunciou que Levy ria.
Furioso, Maia disse:
¿ O senhor está achando graça no que eu estou dizendo, doutor Levy?
Como o secretário não disse nada, o deputado cobrou providências ao presidente da comissão, deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). Este, por sua vez, repreendeu Joaquim Levy, advertindo-o para que não mais desrespeitasse o nobre deputado pefelista.
O problema é que Levy não estava rindo de Rodrigo Maia. Ele realmente discordava das observações feitas pelo deputado pefelista, mas o sorriso é uma mania do secretário. Sempre que comparece a audiências públicas ou dá entrevistas, o secretário do Tesouro costuma exibir um sorriso nervoso.
Para tentar contornar a situação, Palocci pediu desculpas a Maia:
¿ O secretário Levy está aqui em respeito aos parlamentares. Caso ele tenha se expressado de maneira inadequada, eu peço desculpas.
Mas o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), saiu em defesa de Levy:
¿ O grau de nervosismo da oposição é tanto que o deputado Maia chegou a se irritar com um simples sorriso do secretário ¿ disparou o petista.
Depois da bronca do deputado pefelista, Levy tentou controlar sua expressão, ficando mais sério. E continuou em silêncio. Ao fim da audiência, Palocci brincou com o secretário, que o acompanhou durante as quase dez horas de depoimento:
¿ Joaquim Levy, você se saiu bem hoje! (Maria Lima)