Título: `Mudança será um desastre¿
Autor: Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 23/11/2005, O País, p. 10

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, se indignou com o coro de políticos e empresários contra a política econômica do ministro Palocci. Para ele, o que está em risco é o controle da inflação.

O senhor vê riscos para a economia brasileira se o ministro Antônio Palocci deixar a Fazenda?

EDUARDO EUGENIO GOUVÊA VIEIRA: O presidente Lula se declarou absolutamente comprometido com a política econômica, mas o ministro Palocci é o símbolo dela. Agora, qualquer mudança na política será um desastre!

O que o senhor quer dizer com desastre?

EDUARDO EUGENIO: O risco é entrarmos numa fase de turbulência que não sabemos onde vai parar e que vai afetar todos os brasileiros de uma forma dramática. Estou indignado, porque se está discutindo deletar o Brasil que construímos nos últimos 12 anos.

O senhor se refere ao controle da inflação?

EDUARDO EUGENIO: Na década passada, sofremos o diabo na UTI, estivemos à beira da morte. Em seguida, fomos transferidos para o quarto. Quando começamos, finalmente, a andar, corremos o risco de voltar ao início. Não acredito que colegas meus, empresários de São Paulo, e alguns políticos querem aumento de gastos, quando o que precisamos fazer é gastar menos. No momento em que deixamos de ter vergonha do Brasil por causa da inflação, aparece essa ameaça. Será que não vêem que o drama social do Brasil vem da inflação?

O senhor apóia a política econômica de Palocci?

EDUARDO EUGENIO: Nesse debate, não há Plano B faça o país crescer sem que a inflação aumente. Querem desvalorizar a moeda artificialmente. É um pensamento que está unindo a velha esquerda poética e algumas lideranças empresariais. Mas o que interessa a 180 milhões de brasileiros não é necessariamente o que pode fazer o resultado de uma empresa ou de um setor ser melhor. O que precisamos é aumentar o superávit primário. Quanto mais superávit, melhor.