Título: Integrantes do PP complicam o ex-líder do partido
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 23/11/2005, O País, p. 12

Deputado diz que Pedro Henry sabia das dívidas pepistas

BRASÍLIA. Depoimentos de integrantes do PP ontem no Conselho de Ética podem ter complicado a situação do ex-líder do partido na Câmara Pedro Henry (PP-MT). O presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), que também responde a processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho, revelou que três parlamentares do partido tinham autonomia para captar recursos para ajudar a saldar dívidas do partido em 2003, quando começaram os repasses do esquema de Marcos Valério Fernandes.

O publicitário mineiro repassou pelo menos R$700 mil ao PP, que foram sacados por João Cláudio Genu, assessor da liderança do partido. Pedro Henry, até agora, vinha negando qualquer envolvimento nesse processo e havia dito, em seu depoimento, que somente após o surgimento do escândalo político é que soube que o PP recebera dinheiro do valerioduto.

Corrêa negou uso do dinheiro

Corrêa afirmou que, além dele, Henry e o atual líder do PP, José Janene (PR), sabiam que o partido estava em dificuldade e que precisava captar recursos. O presidente do PP repetiu que os R$700 mil teriam sido usados para pagar os serviços do advogado Paulo Goyaz, que atua na defesa do mandato de Ronivon Santiago (PP-AC). Corrêa negou que tivesse utilizado o dinheiro em benefício próprio.

¿- Não vi nem a cor desse dinheiro ¿ disse Corrêa.

Durante o depoimento de Genu, na parte da tarde, Pedro Henry chegou a se exaltar com o relator de seu caso, Orlando Fantazzini (PSOL-SP). O relator pediu a Genu que confirmasse declaração dada à Polícia Federal de que buscava o dinheiro por ordem da direção do PP, o que incluiria Henry. Genu confirmou o que disse à PF. Henry, então, acusou o relator de estar induzindo o depoente, o que causou irritação de outros conselheiros, que saíram em defesa de Fantazzini.

No fim do depoimento, Henry se disse tranquilo e afirmou que há contra ele apenas as declarações do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que o acusou de envolvimento no mensalão. Não é o que pensa o relator de seu processo. Para Fantazzini, o caso de Henry ¿começa a clarear¿ e disse que, ao contrário do que o parlamentar afirmou em seu envolvimento, ele não só sabia que o partido passava dificuldades como estava autorizado a buscar recursos. Os R$700 mil sacados por Genu foram autorizados pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.