Título: HIV: META É REDUZIR INFECÇÃO DE BEBÊ
Autor: Carolina Brígido
Fonte: O Globo, 23/11/2005, O Mundo, p. 34

Governo lança campanha para diminuir transmissão de mãe para filho

BRASÍLIA. O Ministério da Saúde lançou ontem, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Adolescência (Unicef), uma campanha para reduzir a menos de 1% a transmissão vertical do vírus da Aids ¿ ou seja, da mãe para o bebê ¿ além de eliminar a sífilis congênita nos próximos três anos no país. Atualmente, a taxa desse tipo de contágio do HIV é de aproximadamente 3,7%. A sífilis congênita tem taxa de transmissão de 1,5 caso em cada cem mil recém-nascidos.

Para alcançar a meta, será ampliado o acesso de gestantes e adolescentes ao diagnóstico e ao tratamento das doenças. A prioridade será o Nordeste. No semi-árido, serão oferecidos testes rápidos de HIV e sífilis a 25 mil gestantes de seis cidades.

A parceria entre o governo brasileiro e o Unicef já atende outros sete países: Paraguai, Bolívia, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Nicarágua. No ano que vem, esses países deverão continuar recebendo anti-retrovirais, kits para testes do HIV e apoio à capacitação de profissionais de saúde. A cooperação deverá custar US$3 milhões aos cofres públicos em 2006. No último ano, foram gastos mais de US$500 mil em anti-retrovirais na cooperação.

Programa vai incluir jovens estudantes

A campanha, de caráter mundial, também deverá incluir jovens em programas de prevenção e saúde. No Brasil, mais de sete milhões de alunos de 21 mil escolas de ensino médio participarão do projeto no que vem. Após responderem a um questionário, os jovens decidirão se precisam ou não ser submetidos ao teste. A primeira fase do programa começa esta semana em escolas públicas de Pará, Ceará, Pernambuco e Distrito Federal. Segundo estimativa do Unicef, 17,2 mil crianças vivem com o HIV no país.

¿ Há uma negligência crônica no mundo inteiro com relação ao acesso de crianças e adolescentes a medicamentos. Vamos cumprir o compromisso brasileiro de garantir acesso universal a prevenção e tratamento ¿ disse o coordenador do programa nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, Pedro Chequer.

No ano passado, 75% das gestantes fizeram o teste do HIV no Brasil e 63% souberam do resultado antes do parto. A idéia da campanha é assegurar o acesso ao teste a todas as gestantes e tratamento para todas as mulheres grávidas infectadas. Se o HIV for detectado e tratado com medicamentos anti-retrovirais a tempo em grávidas, a contaminação do bebê pode ser evitada em mais de 99% por casos.

¿ Se nós diagnosticarmos e tratarmos no tempo correto, poderemos quase eliminar a transmissão vertical do HIV ¿ explicou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.