Título: Presidente da China chega hoje ao país para discutir relações bilaterais
Autor: Regina Alvarez, Lydia Medeiros e Gilberto Scofield
Fonte: O Globo, 11/11/2004, Economia, p. 34

O governo brasileiro aposta que a visita de seis dias ao Brasil do presidente chinês, Hu Jintao ¿ que chega hoje com uma comitiva de cerca de 500 pessoas entre representantes do governo (entre os quais três ministros), empresários, jornalistas e artistas chineses ¿ será fundamental para ampliar as relações bilaterais e comerciais entre os dois países. O Itamaraty estima que os investimentos chineses em ferrovias, siderurgia e mineração podem chegar a US$ 8,5 bilhões no médio e longo prazos. Entre os 11 acordos que serão assinados pelos presidentes dos dois países, está a liberação das importações do frango brasileiro, que já vinha sendo negociada há alguns anos.

O acordo com a China deve ajudar a impulsionar as exportações de frango, que atingiram US$ 2,145 bilhões no acumulado de janeiro a outubro deste ano, com crescimento de 47% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Frango (Abef).

Barreiras comerciais estarão na pauta de discussões

Entretanto, o governo brasileiro não se mostra disposto a atender à principal reivindicação do governo chinês, que é o reconhecimento da China como economia de mercado junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Nos encontros que a vice-ministra de Comércio da China, Ma Xiuhong, e o ministro da Quarentena, Li Changjiang ¿ que trata das barreiras fitossanitárias ¿ tiveram ontem com os ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento e Comércio Exterior) e Roberto Rodrigues (Agricultura), esse desejo foi reforçado. Mas o Itamaraty informou que o tema é muito complexo e o governo brasileiro ainda está avaliando as consequências de uma decisão.

¿ A China ainda não é efetivamente uma economia de mercado. Há uma presença forte do Estado na definição de preços, interferência no câmbio e os preços dos produtos são muito baixos porque a mão-de-obra é muito baixa. É uma economia em transição ¿ disse o chefe do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, Mário Vilalva.

Já o ministro Luiz Fernando Furlan disse que o objetivo do Brasil é uma parceria estratégica, que garanta acesso ao mercado chinês de produtos de valor agregado, tecnologia, produtos e serviços e não apenas o fornecimento de matérias primas e insumos.

O governo brasileiro também espera com a visita derrubar as barreira sanitárias que impedem a exportação de carne bovina para a China.

¿ O Brasil é um parceiro importante que possui pontos de vista semelhantes às da China com relação a assuntos internacionais, além de terem economias complementares ¿ disse, por sua vez, o vice-ministro das Relações Exteriores da ChinaZhou Wenzhong.