Título: FMI: missão aprova revisão do acordo
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 11/11/2004, Economia, p. 35

O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), Charles Collyns, disse ontem que vai recomendar à diretoria executiva da instituição a aprovação da nona revisão do acordo de ajuda financeira ao Brasil. Se aprovada, a revisão dará ao governo a possibilidade de sacar uma parcela de US$ 1,3 bilhão do acordo de US$ 14,8 bilhões com o organismo.

¿ O desempenho da economia brasileira permanece bom. Estou feliz em dizer que vou recomendar a aprovação da revisão ¿ disse Collyns, ao deixar o Ministério da Fazenda.

Palocci diz que país não deve renovar o acordo

A missão chegou ao Brasil na semana passada e teve uma série de encontros com técnicos do Banco Central (BC) e dos ministérios da Fazenda, Previdência, Planejamento e Desenvolvimento.

O governo brasileiro fez o acordo de forma preventiva e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, vem declarando que, por isso, não pretende sacar os recursos. Ontem, Palocci disse aos integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) que o país não deve renovar o acordo com FMI, mas que vai continuar cumprindo com rigor as metas de superávit primário.

O Brasil conseguiu cumprir as metas do acordo com o FMI previstas até setembro. O país já conseguiu, por exemplo, atingir a meta de superávit primário para o setor público consolidado estabelecida no acordo até setembro: R$ 56,9 bilhões. Nos nove primeiros meses do ano, o superávit primário acumulado foi de R$ 69,7 bilhões. A meta do acordo para o ano todo é de R$ 71,5 bilhões.

Se o desempenho do Brasil dentro do acordo firmado com o FMI vai bem, o mesmo não pode ser dito em relação à imagem do Fundo ¿ assim como a do Banco Mundial (Bird) ¿ para o economista americano Edward Prescott, vencedor do Prêmio Nobel de Economia deste ano. Ontem, em entrevista ao site BBC Brasil, Prescott afirmou que o FMI e o Bird mais atrapalham do que ajudam a economia mundial e sugeriu a extinção dos dois organismos.

¿Talvez fosse melhor simplesmente acabar de uma vez com o FMI, o Banco Mundial e estas outras instituições. Elas parecem mais um instrumento de política externa do que uma verdadeira contribuição à economia mundial ¿ disse Prescott na entrevista à BBC Brasil.