Título: BRIGA DE PARTIDOS ATRASA VOTAÇÃO DE RELATÓRIO NA CPI
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 24/11/2005, O País, p. 11

Petistas pressionam pela inclusão de Azeredo; tucano resiste

BRASÍLIA. A guerra travada entre PT e PSDB na CPI dos Correios pode adiar a votação, prevista para hoje, do relatório do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator que analisa a movimentação financeira de Marcos Valério e suas empresas. Os petistas pressionam para Fruet incluir no texto um empréstimo contraído por Valério para saldar dívidas da campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) em 1998, na disputa pelo governo mineiro.

O deputado resiste à idéia, alegando que ainda não recebeu a documentação relativa à movimentação financeira do empresário referente aquele período. Já o relator da CPI, deputado Osmar Serráglio (PMDB-PR), é favorável à inclusão, e pode fazê-la à revelia de Fruet.

¿ Qual o elemento que temos para incluir esse empréstimo no relatório parcial? Sou favorável à investigação sobre a ligação de Marcos Valério com o senador Azeredo, mas não vou fazer isso apenas para dar uma satisfação ao PT. Pode soar como acordo ¿ justifica Fruet.

¿ Se houve essa omissão, vamos reparar o erro. Não existe relatório de sub-relator ¿ afirma Serraglio.

Irritado com a briga, o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), reclamava ontem da falta de disposição dos integrantes da comissão para negociar.

¿ Precisamos apenas sentar e conversar. Nada é irreversível, basta dialogar. Isso aqui está parecendo um jardim da infância ¿ reclamou Delcídio, admitindo que se não houver consenso a votação do relatório parcial poderá ser adiada para a próxima semana.

Mercadante também defende a inclusão

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), tentou viabilizar a votação. Mas assim como os demais petistas, ele defende a inclusão do empréstimo de Valério aos tucanos no texto de Fruet.

¿ Temos duas opções. Podemos até votar hoje o relatório parcial, desde que haja um compromisso de que será incluído os dados relativos ao empréstimo de 1998, cujos os dados ainda não chegaram à CPI.

A senadora Ideli Salvatti (Pt-SC) reclama da parcialidade do sub-relator, que teria ignorado as relações de Valério com os tucanos mineiros. Na semana passada, prometia apresentar um voto em separado ao relatório.

A situação do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato se complicou ainda mais ontem. Em depoimento à CPI dos Correios, o diretor financeiro da agência de publicidade Lowe, Paulo Roberto Correia dos Santos, responsabilizou Pizzolato pela decisão de concentrar nas mãos da DNA Propaganda a conta da Visanet.

¿ Entre setembro de 2001 e março de 2003, ficamos responsáveis pela campanha do Ourocard, de bandeira Visa, mas com a decisão fomos afastados.